ATA DA CENTÉSIMA VIGÉSIMA
SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA
QUINTA LEGISLATURA, EM 06-12-2012.
Aos seis dias do mês de
dezembro do ano de dois mil e doze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Alceu Brasinha, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Fernanda
Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José
Freitas, Mauro Pinheiro, Nelcir Tessaro, Professor Garcia, Sofia Cavedon,
Tarciso Flecha Negra e Toni Proença.
Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Bernardino Vendruscolo, Beto
Moesch, Dr. Goulart, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Elói Guimarães, Idenir
Cecchim, Kevin Krieger, Luiz Braz, Maria Celeste, Mario Manfro, Paulinho Rubem
Berta, Pedro Ruas, Sebastião Melo, Valter Nagelstein e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: o Projeto de
Lei do Legislativo nº 166/12 (Processo nº 2190/12), de autoria do vereador
Jorge Correa; e o Projeto de Lei do Legislativo nº 168/12 (Processo nº
2212/12), de autoria do vereador Moacir Alankardec. Também, foram apregoados os
Ofícios nos 1026, 1020 e 1028 e 1017/12, do senhor Prefeito,
encaminhando, respectivamente, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
012/12, os Projetos de Lei do Executivo nos 056 e 057 e Veto Parcial
ao Projeto de Lei do Legislativo nº 200/09 (Processos nos 2606, 2601
e 2607/12 e 4214/09, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram Ofícios do
Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, emitidos no dia sete de
novembro do corrente. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da
Centésima Primeira, Centésima Segunda, Centésima Terceira, Centésima Quarta,
Centésima Quinta, Centésima Sexta, Centésima Sétima, Centésima Oitava,
Centésima Nona, Centésima Décima, Centésima Décima Primeira e Centésima Décima
Segunda Sessões Ordinárias e da Quadragésima Quinta, Quadragésima Sexta,
Quadragésima Sétima e Quadragésima Oitava Sessões Solenes. Após, por
solicitação do vereador Elói Guimarães, foi realizado um minuto de silêncio em
homenagem póstuma ao senhor Oscar Niemeyer, falecido no dia de ontem. A seguir, o senhor Presidente concedeu a
palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Alexandre Marmett Pahim, 2º
Vice-Presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro – Secção Rio Grande do
Sul –, que discorreu sobre a 22ª Semana da Consciência Negra, realizada do dia
quatorze ao dia vinte de novembro do corrente, em Porto Alegre. Em
continuidade, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Tarciso
Flecha Negra, Toni Proença, Sofia Cavedon, Valter Nagelstein, Fernanda Melchionna
e Elói Guimarães manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna
Popular. Às
quatorze horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e seis minutos. Após, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES,
hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a tratar dos
temas “Dia Nacional do Orientador Educacional” e “Zona de Proteção do Aeroporto
Internacional Salgado Filho”. Em prosseguimento, o senhor Presidente concedeu a
palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II, do Regimento, à
senhora Andrea Muxfeldt Valer, Diretora de Formação da Associação dos
Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul, que se pronunciou sobre o Dia
Nacional do Orientador Educacional. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180,
§ 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se as vereadoras Sofia Cavedon e
Fernanda Melchionna. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, para
considerações finais sobre o tema em debate, à senhora Andrea Muxfeldt Valer.
Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º,
incisos I e II, do Regimento, ao senhor Paulo Vanzetto Garcia, Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do
Rio Grande do Sul – SINDUSCON –, que se pronunciou sobre questões
atinentes à zona de proteção do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Bernardino Vendruscolo e
Idenir Cecchim. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do
Regimento, pronunciaram-se os vereadores Bernardino Vendruscolo, Idenir
Cecchim, Adeli Sell, João Carlos Nedel, Nelcir Tessaro, Luiz Braz, Toni Proença
e Alceu Brasinha. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações
finais sobre o tema em debate, ao senhor Paulo Vanzetto Garcia. Às dezesseis
horas e quarenta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e oito minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se
os vereadores Dr. Thiago Duarte e Pedro Ruas. Às dezessete horas, constatada a
inexistência de quórum, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo vereador Haroldo de Souza e
secretariados pelo vereador Carlos Todeschini. Do que foi lavrada a presente
Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º
Secretário e Presidente.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio
pelo falecimento ocorrido ontem de uma das referências internacionais e um
verdadeiro símbolo brasileiro, Oscar Niemeyer.
O
SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Deferimos o pedido. Façamos um minuto de silêncio a
Oscar Niemeyer, falecido ontem no Rio de Janeiro.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Passamos à
O Sr. Alexandre Marmett Pahim, 2º
Vice-Presidente do Congresso Nacional
Afro-Brasileiro – Secção Rio Grande do Sul (CNAB/RS) –, está com a
palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar de assunto relativo a
22ª Semana da Consciência Negra.
O
SR. ALEXANDRE MARMETT PAHIM: Exmo. Sr. Presidente, Sras. Vereadoras,
Srs. Vereadores, público que nos assiste, o Congresso Nacional Afro-Brasileiro
– Secção Rio Grande do Sul, não poderia deixar de ocupar esta Tribuna Popular
para se somar a tantos outros movimentos, inclusive a esta Câmara Municipal, na
luta contra a discriminação racial, principalmente às vésperas do nosso
Congresso, que se realizará no próximo dia 15 de dezembro, aqui, nesta mesma
Casa Legislativa.
Senhores Vereadores, Sras. Vereadoras,
Ver.ª Professora Sofia Cavedon, Ver. Professor Garcia, ao incluir o Dia da
Consciência Negra no Calendário Escolar, a Lei nº 10.639, de 9/01/2003, não
propiciou apenas o resgate da história dos povos negros, foi bem além; ensejou
a necessidade de um novo olhar sobre culturas que, ao contrário da postulação
ocidental, não colocam a questão da verdade, de conteúdos absolutos e
inarredáveis, de essências escondidas atrás de formas ou aparências; sua
riqueza é de outra ordem, e talvez este seja
o significado mais profundo do dia 20 de novembro: memória e resistência como
possibilidades históricas.
Para os que estudam a
cultura afro-brasileira é importante registrar a dinâmica de suas origens.
Nelas, observamos uma espécie de culto da forma pela forma, algo como a
valorização das dimensões plásticas. Seus mitos, rituais, danças, jogos e
orações não remetem a quaisquer referências que lhes sejam exteriores, não
expressam “outra coisa”, não são aparências de uma essência. Portanto, não
podem ser “decifrados”, “interpretados” ou “descobertos” como ainda pretendem
algumas de nossas teorias da cultura, herdeiras do ranço etnocêntrico do velho
colonizador.
É o que apreciamos na
aparentemente inconciliável visão do mundo que parece existir em alguns poetas
negros, como Solano Trindade. Em versos, Ver.ª Fernanda Melchionna, como “A minha
bandeira/É da cor de sangue/ Olorun Eke/ Da cor da revolução/ Olorun Eke” há
uma estranheza que parece apontar para a ausência de sentido lógico. Pura
ilusão. O que lemos são instantes culturais, síntese de uma vida vivida, de um
artista ao sentir a realidade trágica do que é ser negro, também no Brasil.
Na verdade, do ponto
de vista dos afrodescendentes, as expressões artísticas são mais para serem
percebidas sensorialmente, vistas com a alma, do que para serem “entendidas”.
Existe, portanto, uma
defasagem entre aquilo que se quer dizer de um lado e o que se consegue
transmitir na realidade. É exatamente neste espaço que o negro brasileiro
consegue criar as coisas mais bonitas de sua produção simbólica e de maior
valor para a sua negritude.
Ser negro no Brasil
de 2012 é, culturalmente, assumir a Alma Popular: é pensar a partir do ponto de
vista do povo. É, sobretudo, estabelecer sintonia ideológica com as classes
sociais que foram exploradas durante os nossos mais de 500 anos de história.
O grande saque que se
iniciou com a invasão portuguesa, por causa do pau-brasil, continuou e
prosperou até depois da Independência, sempre a beneficiar os brancos.
Consolidou-se com a Abolição/ Proclamação da República e continua até os nossos
dias.
No Terceiro Milênio,
da perspectiva do negro, a paz, objetivo perseguido por toda a espécie humana,
passa necessariamente pela resolução dos problemas que o grande saque,
ocidental e cristão, criou para a negritude. No Dia da Consciência Negra, é
preciso repudiar a História do Brasil como um suceder de arranjos, combinações,
“jeitinhos”, em que o conflito nunca aparece ou, se vem à tona, é considerado
como “coisa externa à nossa gente”.
O processo de
desestruturação do mito da “democracia racial” no campo teórico tem avançado
muito nos últimos anos.
Já no terreno social e da luta política, apesar das
políticas públicas implementadas recentemente, o atraso ainda é considerável.
Por isso, é necessário resgatar a memória histórica dos negros em todos os
tempos e sentidos. Olurun Eke, para que a República seja proclamada em
definitivo.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras,
neste ano, perdemos o fundador do Congresso Nacional Afro-Brasileiro, o
Professor Eduardo de Oliveira, poeta, escritor, primeiro Vereador negro da cidade
de São Paulo, autor do Hino à Negritude. Aliás, aqui, nesta Casa Legislativa,
temos um Projeto de Lei de autoria do Ver. Toni Proença, tornando o Hino à
Negritude também oficial em Porto Alegre, fato já ocorrido em muitas capitais e
municípios do Brasil. E nós solicitamos que o Poder Legislativo de Porto Alegre
oficialize o Hino nesta Capital. Há poucas vidas de que se pode dizer, como a
de Eduardo de Oliveira, que foram um triunfo completo da justiça sobre a
injustiça; da generosidade sobre a mesquinharia; da ternura sobre o rancor; da
felicidade sobre o ressentimento.
Em suma, uma vitória completa do amor sobre o ódio,
da bondade sobre a perversidade, do humano sobre o desumano. Como podia aquele
homem reunir em si a firmeza sem concessões da luta, por décadas, contra as
mais odiosas discriminações e preconceitos com tanta capacidade de compreender
os outros seres humanos, suas motivações, até mesmo – aliás, principalmente –
suas discordâncias? No entanto, poucos de nós tiveram de lutar, como aconteceu
com ele, desde o nascimento. Ele dizia, com aquele jeito, ao mesmo tempo doce e
enérgico, que é (pelo menos para o autor destas linhas) impossível de
reproduzir por escrito: “eu não tenho ascendência – não sei quem foi meu pai ou
minha mãe, muito menos quem foi minha avó ou meu avô”. Era como se a sua origem
tivesse definido as vicissitudes – e as conquistas – posteriores. E, com
efeito, foi assim. Ele era um homem e um herói. Um dos poucos a quem esta
última palavra não apenas descreve simplesmente um fato, mas, além disso, não
parece exagerada.
Eduardo de Oliveira, criança e órfão, foi adotado
por um homem decente, a quem sempre foi grato, mas este homem adotara também
uma menina branca (“ele queria fazer uma bandeira paulista através dos filhos”,
dizia o poeta, rindo.) Foi o suficiente para que se fabricasse um escândalo em
São Paulo – e não porque o pai adotivo, que era celibatário, tivesse qualquer
comportamento inapropriado, mas porque, segundo a Justiça (Deus) da época, era
promiscuidade a convivência de um menino negro e uma menina branca na mesma
casa.
Assim, a alternativa da odiosa sentença era: ou um
ou outro. A criança negra foi, então, desadotada – se é que existe essa palavra
–, mas a injustiça existiu. O poeta não guardava ressentimento pela decisão do
pai adotivo de manter a menina branca: “eu tive que ser internado outra vez,
mas ele nunca esqueceu, fazia sempre reuniões com nós três na casa dele. Qual o
homem com esta vida poderia, como ele fez em Gestas Líricas da Negritude
(1967), ter escrito: “Eu seguirei feliz, de braços dados/ com meus irmãos dos
cinco continentes.../, que a todos amam, porque são amados.// E quando se ama a
Humanidade inteira,/ os ideais – por mais nobres, mais ardentes –/ irmanam-se
numa única bandeira?” Mas, talvez, não seja uma novidade que a libertação dos
negros, que são parte da humanidade, esteja diretamente ligada,
indissoluvelmente, à libertação da própria humanidade. Já se disse: uma nação
que oprime outras não pode ser livre. Menos ainda uma etnia – uma parte da
humanidade – que oprime outras. No entanto, menos claro, hoje, é que a obra da
libertação dos negros é a libertação do Brasil. Este é o País que os negros têm
que assumir, pois eles o construíram. O fim do racismo não é uma necessidade
apenas dos negros, mas do Brasil. Como poderemos encontrar nosso destino, se
uma parte de nós for discriminada por outra? Mas é verdade que é nas mãos
sobretudo dos negros que está essa missão de liberdade, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras. Nesse sentido, eles são os portadores, por excelência, ainda que
não exclusivo, dos destinos da Pátria. Dois homens condensaram essa missão dos
negros: Luiz Gama e Eduardo de Oliveira. Num soneto, de 1997, dizia ele: “Meu
legado, que é rico e tão valioso, é ter dado ao Brasil a própria vida.” Ergue a
tocha do alto da Glória quem herói nos combates se fez. Pois que as páginas da
história são galardões aos negros de altivez.” Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Convido o Sr. Alexandre a fazer parte da Mesa.
O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TARCISO
FLECHA NEGRA: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; amigo Alexandre, sentei lá em
cima e prestei bastante atenção na tua fala, Alexandre, sobre a nossa raça.
Inclusive, em 2010, foi aprovada pelos 36 Vereadores, ou seja, por unanimidade,
a criação do Museu do Negro. Por que o Museu do
Negro? Para mostrar para os nossos filhos, para os nossos netos o que os nossos
avós fizeram para extinguir a escravidão. Sem essa identidade vai ser difícil,
no futuro, entender quem fomos nós. Eu tenho um orgulho muito grande pelo negro
e por todos os povos que ocupam nosso mundo maravilhoso. Temos que lutar muito,
Alexandre. A luta é ferrenha, assim como foi para os nossos avós, para os
nossos antepassados, será também para nós, para que a gente possa alcançar um
posto igual para todos, negros, índios, amarelos, brancos. Acho importante esse
Museu do Negro contribuir para mostrar tudo isso, para que a gente tenha
condições de, no futuro, mostrar para nossos filhos e nossos netos, para que a
gente continue essa luta pela igualdade de todos, não só para os negros.
Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Toni
Proença está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TONI PROENÇA: Obrigado, Ver.
Haroldo, que preside esta Sessão e a Casa; quero cumprimentar o Alexandre
Marmett Pahim, Vice-Presidente do Conselho Afro-Brasileiro, e, ao cumprimentar
o Pahim, cumprimento todos os membros e participantes do Conselho. Esse
Conselho – com a sua Seccional no Rio Grande do Sul – é um instrumento de luta
para revigorar, revitalizar e resgatar a cultura, a arte e a histórica
participação dos negros na construção deste País. Parabéns pela luta, tenham um
bom Congresso no dia 15. Certamente, aos poucos, vamos todos comprometidos com
a luta do Congresso, resgatando essa façanha histórica que os negros tiveram na
construção de um Brasil livre e soberano. Parabéns!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª Sofia
Cavedon está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Alexandre, quero te
cumprimentar e também os companheiros que acompanham esta Tribuna Popular. Em
primeiro lugar quero elogiar a tua fala, excelente fala, uma fala de fundamento
e de clareza do momento que nós vivemos, fundamento teórico e clareza. A
observação que eu queria fazer é que, de fato, o Brasil avançou no discurso,
mas ainda não compreende o tamanho das raízes da discriminação racial que
plantou. Porque, afinal, a discriminação racial é uma produção do Estado
Brasileiro, o povo negro não nasceu escravizado, não nasceu no Brasil desigual,
isso foi produzido pelo Imperialismo, pelo Estado, mantido pelo Estado
Brasileiro por quase 400 anos. Eu considero que a Lei nº 10.639 é um dos
instrumentos de reparação desse Estado. Mas a reparação não pode ser só
teórica, ela será feita pelo protagonismo dos nossos jovens, das nossas jovens
– negras e negros – e pela crescente consciência dos brancos. O Ver. João
Antonio Dib perguntava-me qual a minha opinião sobre as cotas. As cotas, para
mim, são um dos instrumentos que o Estado Brasileiro devia ao povo negro por
essa absurda discriminação secular que fez. E hoje, o povo negro é a maioria
dos pobres em função disso, e a minoria nos postos de Poder, nos espaços de
profissionalização.
Portanto, o Brasil
engatinha ainda, mas dá passos importantíssimos ao demarcar as terras dos
quilombolas, ao estabelecer as cotas, ao trabalhar a mudança cultural por
dentro do currículo da escola, mas queremos acelerar esse processo. Todos nós
somos devedores dessa história, e o Brasil só será profundamente democrático se
fizer essa recuperação. E não é uma recuperação simples, porque está no
simbólico da nossa formação do povo brasileiro. Então, parabéns pela tua luta,
pela constituição do Congresso, e que a gente possa evoluir, juntos, com um
Brasil melhor para todos.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Valter
Nagelstein está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Alexandre, meus
cumprimentos, também quero fazer coro à fala da Ver.ª Sofia, parabéns pela
qualidade da tua fala. Eu quero, em nome do nosso Partido, do Ver. Haroldo de
Souza, Ver. Idenir Cecchim, Ver. Sebastião Melo, Ver. Professor Garcia, dizer
que o PMDB, o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro, é um Partido comprometido com as causas do
nosso povo, e dentre essas, certamente está a causa do povo negro. Temos que
compreender que o povo negro não é uma minoria no nosso País, o povo negro é um
dos povos que compõe este cadinho de etnias que é, infelizmente, o nosso
Brasil, onde nós não temos ódios; obviamente que temos débitos históricos, mas
não temos ódios. Os preconceitos existem ainda, é verdade, mas graças a nossa
própria composição histórica, étnica – da mesma forma que existe em outros
países –, é com alegria que a gente vê que estamos avançando. Hoje, já temos o
Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Joaquim Barbosa; tivemos o
nosso Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Alceu Collares; tivemos
desembargadores. E o nosso desejo é que o povo negro, cada vez mais, ocupe o
seu espaço de igualdade no concerto da sociedade brasileira, junto com todas as
outras etnias: japoneses, poloneses, alemães, italianos, todos que deram a sua
força, sem esquecer que o povo negro, na verdade, foi sacrificado – não só deu
a sua força, mas foi escravizado, foi vilipendiado, foi agredido, foi trazido
para cá com grilhões, passou toda sorte de privações e de penas. Porque, na
verdade, toda sociedade que se deseja desenvolvida não pode aceitar isso e tem
que promover, de fato, esse resgate. E nós fazemos isso para além da retórica,
nós temos um grupo, no PMDB, que é um movimento negro muito ativo; nós temos um
Vice-Presidente no Partido, que é o Clóvis, que é Secretário também; e o nosso
Prefeito José Fogaça, quando o PMDB esteve à frente do Governo na nossa Cidade,
criou um Gabinete de Políticas Públicas para o povo negro, compreendendo a
importância dessa temática. Portanto, parabéns, e quero reafirmar aquilo que
não é retórica, que não é discurso, mas que tem sido uma prática do nosso
Partido e nós vamos continuar caminhando nesse sentido. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª
Fernanda Melchionna está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, eu queria cumprimentar o Sr. Alexandre e dizer que é muito
importante ocupar este espaço da Tribuna Popular para o resgate histórico de
todo o preconceito da formação de uma sociedade extremamente desigual com a
barbárie que foi a escravidão. Eu queria cumprimentá-lo, e, ao mesmo tempo,
dizer da importância do movimento social que conseguiu, de fato, avançar em
vários temas no Brasil, como a criminalização do racismo. Nós não temos dúvidas
de que isso é um avanço enorme, mas que existem muitos desafios, e o senhor
pode contar, com todo o movimento, com a Bancada do PSOL para efetivar esses
desafios. Primeiro, há a questão da efetivação da Lei nº 10.639, nas escolas;
segundo, a questão do avanço da política de cotas como parte de uma política de
reparação, de reconhecimento do Estado pelas atrocidades cometidas com o povo
negro; e, terceiro, parece que existe, mais uma vez, um movimento brutal da
elite conservadora – que, em seu tempo histórico, utilizou a barbárie que foi a
escravidão, que se apropriou das terras do País, jogando os negros e os pobres
para os cortiços, para as favelas – querendo questionar a questão da demarcação
das terras quilombolas e das terras indígenas.
Então, é fundamental
um amplo movimento em defesa da demarcação dessas terras. Assim como o combate
à criminalização da pobreza. Em dez anos, nós tivemos a morte de milhares de
jovens negros, como vários setores do movimento chamam de “genocídio da
juventude negra”, uma campanha que é fundamental de combate a esse genocídio e
é casada com a luta pela reparação e diminuição das desigualdades sociais.
E quero concluir
sobre Porto Alegre, já que foram trazidos alguns exemplos da nossa Cidade. Eu
acho que um dos desafios que está posto para a Prefeitura Municipal é parar de
tentar cobrar um IPTU altíssimo do Quilombo da Família Silva, um quilombo
importante da cidade de Porto Alegre, localizado num bairro em que, à sua
volta, entre aspas, tem uma característica de alto custo de IPTU, mas essa
terra tem uma história, que é história do povo negro, que é a história da
família Silva, e não pode haver uma política da Prefeitura de tentar expulsar
os negros e negras que ali residem, resgatando a sua história, com altíssimo
IPTU. É mais uma forma de beneficiar a especulação imobiliária e de acabar com
um pouco da reparação que se conseguiu em Porto Alegre, que foi a titulação do
Quilombo da Família Silva como quilombo da nossa Cidade. Parabéns pela luta,
contem com a Bancada do PSOL.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Elói
Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; queremos saudar o Sr. Alexandre Pahim, Vice-Presidente;
cumprimentá-lo pela fala, pelas colocações que fez. Quero dizer que a história
da humanidade registra preconceitos, e, ao longo do tempo, surgiram os maiores
preconceitos através da cor das pessoas, inclusive com a
escravidão. É uma marca profunda que se registrou. Mas, no nosso País, somos um
povo mestiço, do cruzamento de etnias e raças, e, creia, há um esforço grande
no sentido de fazermos a integração pelos valores da alma, do espírito, do
coração, porque a cor, a meu juízo, não está na pele; acho que a cor está no
comportamento das pessoas. Esta ou aquela discriminação que possa haver deve-se
dar não pela nossa cor – uns, loiros; outros, morenos, etc. –, mas sim pelos
nossos comportamentos antissociais.
Fica a nossa homenagem ao Movimento da Consciência
Negra, que vem alavancando grandes movimentos para que se faça a integração
definitiva no sentido da harmonização entre todos nós, que somos irmãos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Encerramos o período de Tribuna Popular, que tratou
do Congresso Nacional Afro-Brasileiro, Secção do Rio Grande do Sul, com a 22ª Semana
da Consciência Negra, tendo sido orador o Sr. Alexandre Marmett Pahim, 2º
Vice-Presidente, a quem agradecemos. (Palmas.) Estão suspensos os trabalhos
para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h45min.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza – às 14h46min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos ao período
temático de
Hoje, este período é destinado a tratar do Dia
Nacional do Orientador Educacional, trazido pela Sra. Andrea Muxfeldt Valer,
Diretora de Formação da Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande
do Sul.
A SRA. ANDREA
MUXFELDT VALER: Obrigada.
Boa-tarde a todos! Ao cumprimentar o Presidente Ver. Haroldo de Souza,
cumprimento todos os Vereadores aqui presentes. Inicialmente queremos agradecer
a oportunidade de estarmos participando deste período temático de Comunicações
da Sessão Ordinária dos Vereadores deste Legislativo e agradecer especialmente
à Ver.ª Sofia Cavedon por ter promovido este momento. Registramos também a
presença da Diretoria Colegiada da Associação dos
Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul – AOERGS, e, especialmente, a da
nossa colega Orientadora Educacional Tereza Gamba, que foi homenageada na
semana passada no Grande Expediente, na Assembleia Legislativa, também pelo Dia
do Orientador Educacional, e a de todos os outros Orientadores Educacionais
aqui presentes.
A Associação dos
Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul – AOERGS, ao longo dos seus 46
anos de um trabalho coletivo, vem reafirmando a congregação dos Orientadores
Educacionais do Estado, através de ações de articulação, de mobilização e de
formação permanente desses profissionais, qualificando assim as suas práticas
pedagógicas e sociais.
Atualmente estamos
organizados em 12 Núcleos no interior do Estado: Alegrete, Bagé, Litoral Norte,
Missões, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria,
Santa Rosa, Santana do Livramento, Uruguaiana, além da nossa sede aqui em Porto
Alegre.
Ao festejar o Dia
Nacional do Orientador Educacional no dia 04 de dezembro, destacaremos aqui
algumas diretrizes do nosso Referencial Político Pedagógico da Associação, que
foi legitimador de nossas práticas. Lembramos que este referencial foi
realizado com a coordenação do Professor Danilo Gandin, a quem a AOERGS
agradece sempre pela forma paciente, segura e competente como conduziu os
trabalhos, organizados pela Orientadora Educacional Naima Kepes Ayub, então
Diretora da Associação.
A Orientação
Educacional é uma prática social ampla, articuladora/mediadora do saber e das
relações, e exercida por profissionais habilitados em escolas de educação
básica.
Resgatando um pouco
da trajetória da origem desse profissional, lembramos que o Orientador
Educacional nasce em plena matriz do fordismo-taylorismo, com uma lógica de
organização e de trabalho na fábrica, cujas principais características são: a
divisão social do trabalho, a compartimentação, a fragmentação de tarefas, a
divisão entre os que pensam e aqueles que executam. Estabelece-se, desse modo,
o controle, a burocracia, a hierarquia, as relações de poder. No Brasil, a
Orientação Educacional tem origem com a implantação da Escola Nova, esse movimento internacional de educadores que surge em
oposição à Escola Tradicional.
É declarada, de forma
obrigatória, nas escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, a partir da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação, a Lei nº 5.692, de 1971, época do apogeu da
ditadura militar e tendo como tendência pedagógica oficial o tecnicismo, um
ensino baseado em tecnologia educacional, voltada ao mercado de trabalho e fiel
aos ditames de uma educação separada do contexto social e todas as suas
contradições.
Para fazer frente a
uma sociedade cada vez mais complexa, sob constantes e aceleradas mudanças e
com profundas desigualdades, a Orientação Educacional deve proceder a contínuas
revisões de seus paradigmas.
Inserindo-se a
constantes mudanças de panoramas conceituais, o desafio que está posto para
esse profissional é a necessidade de permanentemente pensar a educação, a
sociedade, o mundo e o homem, ou seja, a busca de uma interface possível para
uma prática ressignificada da Orientação Educacional. Para tanto, é necessário
que nos perguntemos constantemente: de qual lugar estamos falando? Que
pressupostos subjazem e permeiam nossas intervenções? Que autores e teorias
temos visitado? Com quem dialogamos? Quais são os nossos interlocutores? A
pergunta chave: quais são os nossos referenciais?
Os Orientadores
Educacionais que, em seu processo histórico de atuação na escola, fizeram a
articulação escola, família e comunidade, foram participando de movimentos da
comunidade que circunda a escola, dos movimentos da categoria, dos movimentos
dos trabalhadores em educação, dos movimentos da classe trabalhadora e,
portanto, percebendo o quanto foram utilizados em seu papel ideológico, assim
atuando de forma engajada e comprometida com a maioria da população.
A reflexão sobre a
educação, sociedade e cidadania, está a cargo desse profissional: o Orientador
Educacional terá melhores condições para responder, dentre outras, às
perguntas: que cidadãos ajudamos a formar? Para que tipo de sociedade
preparamos os nossos estudantes? Quais os valores que a nossa escola elege e
ajuda a construir? Estamos educando os nossos estudantes para reproduzir a
sociedade que aí está ou para transformá-la de fato?
O ponto de partida é
o estudante concreto e suas relações cotidianas. Ponto de partida e não de chegada!
Deve-se valorizar o saber do aluno, mas buscar ampliá-lo, dialetizando os
diversos saberes. Do senso comum para uma concepção mais elaborada de mundo.
Não é um simples como fazer, e sim uma visão crítica que enfatiza as relações e
problematiza os conceitos.
O Orientador Educacional é um pesquisador. A
pesquisa-ação se apresenta como uma ferramenta importante para esse profissional
realizar seu trabalho, que é eminentemente, ainda que não exclusivamente,
coletivo e comprometido com mudanças percebidas como necessárias pelo coletivo
da escola.
Não pode fazer um trabalho paralelo ao dos
professores, mas inserido no Currículo Escolar. O Currículo é apontado como um
caminho possível para o trabalho coletivo, que o Orientador Educacional deve
desenvolver, pois é aí que se dá a interação professor-aluno, mediada pela
metodologia, pelos conteúdos, conceitos e pela avaliação.
Como integrante da equipe diretiva, o Orientador
Educacional é um dos articuladores da Gestão Democrática como real garantia de
uma escola que na prática promova a cidadania.
A Orientação Educacional trabalha com todos os
segmentos da escola; então, ela aparece, portanto, nesse processo de
participação e construção da proposta politico-pedagógica da escola, como ponto
privilegiado de articulação dos segmentos e administração dos conflitos,
buscando uma escola cidadã que objetive a transformação da sociedade.
Não podemos abrir mão de um trabalho conjunto com a
Supervisão Escolar. Acreditamos que a principal função da Orientação
Educacional e do Supervisor Escolar consiste na coordenação do planejamento, da
execução e da avaliação do Projeto Educacional de sua escola, porque aí está a
possibilidade de criar novas formas de conceber e organizar a vida cotidiana
dentro de cada comunidade escolar.
Ressalta-se a importância politico-pedagógica da
participação desse profissional em todas as etapas de planejamento curricular,
seja na discussão dos objetivos, dos conceitos a serem construídos e abordados,
das metodologias utilizadas, dos critérios de avaliação adotados.
Outra tarefa a ser destacada é a Orientação
Profissional, berço histórico da Orientação Educacional e atividade obrigatória
na escola sob a coordenação desse profissional. A Orientação Profissional deve
criar condições para que o sujeito reflita sobre o processo e o ato de escolha
profissional, bem como sobre o ingresso em uma atividade no mundo do trabalho e
seu exercício no contexto mais geral da sociedade onde tais ações se processam.
O trabalho específico do Orientador será o de fazer
a mediação aluno-currículo, fazendo e propondo a leitura permanente da
realidade do estudante concreto como cidadão local, nacional, mundial,
universal, com direitos e deveres em todas as instâncias, para que seja ponto
de partida do currículo escolar. Há uma insistente indagação do papel social da
escola e, dentro dela, também da Orientação Educacional. A prática do Orientador
precisa permitir o aumento da sua compreensão da complexidade cultural na qual
a escola está inserida, a fim de verdadeiramente cumprir o seu papel na luta
pela qualidade da escola não só sob a ótica burguesa de acúmulo de informações,
que serve para preservar e/ou modernizar sua hegemonia, mas sob a ótica das
classes trabalhadoras, instrumentalizando-as para a compreensão do mundo e da
sua situação neste mundo.
A Orientação Educacional tem presente, nas diversas
articulações que faz no ambiente escolar, uma profunda consciência ética, desde
o sigilo profissional até a construção de uma escala de valores no sentido da
cidadania e do aluno como sujeito de seu destino. A ética está diretamente
relacionada com o trabalho do Orientador Educacional, pois o mesmo deve se
comprometer radicalmente com os valores, sendo a pessoa humana o seu
valor-fonte, de onde emana e para onde se dirige toda a finalidade de suas
ações.
A presença deste profissional dentro da escola é um
estímulo à educação da sensibilidade, ao desenvolvimento da criatividade, à
busca de uma identidade pessoal e social e ao exercício da cidadania planetária
sem discriminações que promova a conduta ética, o bem-estar físico, psíquico e
social, oportunizando o cultivo da paz e da solidariedade, a vivência da
democracia e o resgate da autoestima, possibilitando, assim, a construção de
uma história, cuja escola seja inspiradora de um projeto de vida, semeando,
pois, a esperança. Nesse sentido defendemos a valorização dos profissionais da
Orientação Educacional com formação em nível de graduação e/ou pós-graduação, a
aplicação imediata do piso salarial nacional em todas as redes de ensino do Rio
Grande do Sul, a aposentadoria especial aos ‘especialistas em educação’ em
igualdade de condições com os demais profissionais da Educação; a formação
continuada, a realização de concursos públicos em todas as esferas, o
fortalecimento da AOERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul,
oferecendo formação específica nesta área; aplicação, por parte do Governo
Federal, de 10% do PIB em Educação, bem como a ampliação de outras fontes de
arrecadação; a exigência dos profissionais de Orientação Educacional em todos
os estabelecimentos de educação básica, bem como em todas as demais
instituições ligadas à Educação, com a devida formação.
Finalmente, cabe dizer que o Orientador
Educacional, como educador e não simplesmente como um técnico, avaliará a
perspectiva política de seu papel e efetivará, dessa forma, a sua participação
na sociedade.
A Orientação Educacional, desse modo, entra com sua
contribuição para um projeto de educação qualificada em uma sociedade que
queremos politicamente democrática, socialmente solidária, economicamente
justa, culturalmente plural e ecologicamente equilibrada. Parabéns a todos os
Orientadores Educacionais! Muito obrigada por este momento. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Convido a Sra. Andrea Valer a compor a Mesa.
A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra no período
temático de Comunicações.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Prezada Andrea Valer, uma das Diretoras da AOERGS; cumprimento as
demais componentes da Diretoria Colegiada aqui presentes, em especial, a
Teresinha Gamba pela sua história de trabalho, pela idealização da revista
Prospectiva. (Mostra revista.) A primeira capa está muito linda, é emblemática
para a história dos 46 anos da AOERGS no Rio Grande do Sul. Queria dizer que,
para esta Casa, é muito importante o registro do Dia Nacional do Orientador
Educacional, no momento em que a Educação vive mais uma transformação e grandes
desafios. A Educação pela primeira vez talvez seja, de fato, olhada pelo País.
Agora, quando a Dilma teve a coragem de vetar o que foi aprovado no Congresso
Nacional sobre os royalties do
petróleo, dizendo que, por Medida Provisória, determinará que os recursos dessa
nova riqueza nacional sejam destinados à Educação, o papel do Orientador
Educacional tem que ganhar espaço e tem que ganhar valorização e reflexão.
Eu, enquanto escutava a fala da Prof.ª Andrea, lembrava,
fazia um círculo em que traduzia o papel de articulação do educador, do
Orientador, entre o aluno, o seu itinerário educativo, a família e as políticas
públicas. Imaginem a importância desse mediador no sucesso do aluno. Para que
esse sucesso aconteça, ele é o responsável – obviamente que não o único –
porque o professor tem que fazer essa relação com a família, uma relação de
cuidado com a vida do aluno, mas o Orientador, no momento específico e com
formação específica para isso, é o que elo de ligação entre o aluno, o processo
pedagógico da escola e o seu próprio processo, o seu próprio itinerário
educativo, a família e a política pública. Vocês imaginem um professor... sala
de aula e aluno sem esse elo existindo e funcionando na escola, pensando essa
relação, desatando nós, refletindo com o grupo de professores, com o grupo da
escola as possibilidades e as mudanças curriculares que têm que acontecer para
que esse desenvolvimento e essa ligação sejam harmoniosos. Por isso – e a
Andrea falava –, o Orientador tem que participar da gestão, do currículo, eu
diria que não só porque ele é um educador dentro da escola, mas porque ele tem
um saber fundamental para contribuir com essa gestão e com esse currículo. Não
foram poucas as vezes que educadores foram os responsáveis, Ver. Haroldo, por
um aluno voltar para a sala de aula, porque a relação entre professor e aluno
tinha chegado ao limite da condição de contribuição para o processo do aluno, e
aí aquela mão, aquela intervenção da equipe pedagógica, com o olhar da família,
com a construção de flexibilizações e mediações entre alunos, pactuações entre
aluno e família, pactuações e busca de soluções da escola com a política
pública – é o exame de olhos, é o encaminhamento ao especialista, é um
acompanhamento, é uma orientação para um laboratório de aprendizagem, etc. A
escola não teria como garantir o sucesso dos alunos sem esse papel fundamental
do Orientador Educacional.
Cinco minutos é pouquíssimo tempo, e eu quero
encerrar apenas dizendo que temos que parabenizar, temos que valorizar o papel
que a AOERGS cumpre para valorizar esse lugar, que é imprescindível...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra no
período temático de Comunicações.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Vereador-Presidente Haroldo de Souza, queria
cumprimentar a Andrea, que está representando aqui a AOERGS, e também as
orientadoras que estão conosco; quero agradecer pela revista que nós recebemos
da entidade e agradecer a Ver.ª Sofia, que oportunizou, na tarde de hoje, este
debate, porque requereu que a quinta-feira temática tratasse do tema. Queria
tratar de dois aspectos muito rapidamente que me parecem determinantes para o
avanço do processo educacional, tendo em vista a educação libertadora, a
educação como parte fundamental das grandes transformações sociais de que o
nosso País, o nosso Estado e o nosso Município precisam. Primeiro, aproveitando
o Dia Nacional do Orientador Educacional e o debate trazido pela Andrea, quero
falar da importância desse profissional dentro das escolas para ajudar na
mediação de conflitos, no processo educacional, no desenvolvimento da cultura
da paz, no estímulo aos grêmios estudantis, na independência dos estudantes
para criarem suas ferramentas como sujeitos da sua própria história. A
importância do Orientador para a orientação profissional, nós sabemos que a
Orientação Educacional é fundamental dentro da escola e sobretudo na individualização
de determinados estudantes, do debate com eles – não tenho dúvida de que é
fundamental. É nesse sentido que me preocupo com a matéria que foi publicada,
acho que em 2010, Andréa, no documento “A Educação Pede Socorro”, em que foi
feita uma pesquisa nas escolas e que mostrou que metade das escolas estaduais
não tem o profissional. Isso é muito preocupante em todos os aspectos.
Primeiro, pelo reconhecimento de uma profissão com concurso público, etc., como tu nos trouxeste; segundo, do
ponto de vista do desenvolvimento da Educação.
Nós falávamos, e sempre se fala, sobre a questão
das respostas, sobre a questão das avaliações, do IDEB, do índice em Português
e Matemática, e muito me preocupa quando a grande imprensa não fala dos
problemas estruturais que fazem com que tenhamos índices ainda baixíssimos de
compreensão da cognição. São eles: a falta do Orientador Educacional, a falta
do Bibliotecário, a falta de uma remuneração, no mínimo decente, pois hoje o
salário dos professores estaduais é uma vergonha. O último concurso público
tinha o salário básico de R$ 790,00. É um conjunto de fatores que precisam ser
permeados pela busca permanente da valorização desses profissionais e da escola
como centro da formação e das transformações sociais necessárias.
Esse desrespeito com a Educação, apresentado nessa
pesquisa, faz com que metade das escolas não tenham Orientador Educacional. No
caso dos Bibliotecários, casualmente a minha formação, há mais de 17 anos não
tem concurso para o Estado a fim de que tenha Bibliotecário nas bibliotecas
estaduais. As bibliotecas fecham, os professores não podem contar com a
biblioteca como parte do processo de aprendizagem porque elas estão fechadas
por falta de investimento, tanto de recursos humanos, de pessoas, como de acervo
atualizado e permanente.
São muito importantes os recursos e a votação do
Plano Nacional de Educação que comprometa 10% do PIB para a Educação. A
solução, certamente, é começar a cobrar de todas as esferas que maior parte do
Orçamento seja destinada para aquilo que é importante para o povo, e Educação
eu tenho certeza de que é fundamental. Segundo, que se busque condições de
valorização e de melhoria das escolas, o que passa por uma série de incentivos.
Concordo contigo, acho que o piso do Magistério é
uma conquista da categoria, uma conquista garantida por décadas de mobilização
e que não pode mais ser desrespeitada pelo Governo Tarso, pelos Governos
Estaduais, e nós precisamos de um amplo movimento que valorize a Educação e
respeite os profissionais.
Quero concordar com a necessidade do concurso
público, e acho que esta Câmara deveria se debruçar sobre este tema para ajudar
nessa luta da Associação, buscando a valorização das escolas e buscando a
Orientadora Educacional, que é fundamental para o processo de aprendizagem.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Prof.ª Andrea Muxfeldt Valer, Diretora de
Formação da Associação dos Orientadores Educacionais, está com a palavra para
as considerações finais.
A SRA. ANDREA
MUXFELDT VALER: Aproveitando o ensejo e a fala das Vereadoras Sofia
e Fernanda, em nome da Associação dos Orientadores, gostaríamos de reafirmar as
nossas defesas e bandeiras históricas da Associação com relação à valorização
desse profissional, bem como a realização de um concurso público específico.
Por exemplo, Ver.ª Fernanda, a senhora falou que há 19 anos – no ano que vem
fará 20 anos – não há concurso público para Bibliotecário no Estado do Rio
Grande do Sul.
Em Porto Alegre, nunca vivenciamos a situação
dentro da Rede Municipal. Nós temos colegas que trabalham na Orientação
Educacional, habilitadas, sim, mas sem concurso específico na área, e temos a
defesa e a clareza dentro da Rede Municipal da permanência desse profissional.
Então, na Rede Municipal, a gente tem percebido, na nossa caminhada, a
aproximação junto aos Municípios, e que existe maior cuidado com relação à
figura do Orientador Educacional. Na região da Grande Porto Alegre, estamos
encontrando muitos Municípios que realizaram concurso público para Orientador
Educacional, e a gente tem percebido, nas práticas da Rede, um outro trabalho
de avanço com relação à situação de um enfrentamento melhor junto à situação da
violência, do bullying, de outras tantas questões que são pautas de trabalho do
Orientador Educacional.
Com certeza, vamos continuar dialogando com esta
Casa para podermos, quem sabe, sim, trabalhar com a possibilidade de fazermos
concurso público em Porto Alegre. Por que não? Sou professora da Rede Municipal
há 26 anos, quem sabe a gente ainda pode concretizar, através deste
Legislativo, essa possibilidade também. A gente está abrindo aí uma grande
possibilidade para trabalharmos com esse diálogo mais próximo.
Eu gostaria de destacar, ainda, a edição especial
da nossa revista Prospectiva – a Ver.ª Sofia já fez menção a ela. Ela é a única
revista, na América Latina, que tem pautado os trabalhos e as boas práticas da
Orientação Educacional. Então, ao longo dos seus 35 anos, as edições têm saído
anualmente com um conselho editorial muito interessante, trabalhando sempre
conosco na qualidade da oferta desses pronunciamentos, dessas práticas
educacionais que valorizam, cada vez mais, o papel do Orientador dentro de uma
escola em um contexto tão diferenciado, porque estamos trabalhando com escolas
da Rede Estadual, municipal, bem como com Orientadores vinculados à escola
privada. Então, a Associação contempla todos esses sócios. A gente procura
estar sempre trabalhando com essas realidades, desde a Educação Infantil, e
temos pautado a sua defesa porque há, na primeira infância, a necessidade de
dialogarmos mais próximos a essa primeira etapa da Educação Básica, que é o
desenvolvimento tão importante de crianças, do cidadão, e é muito importante
lembrarmos disso, pois os Orientadores Educacionais acabam trabalhando muito
mais dentro das escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio. Acho que esse
destaque também tem sido uma das nossas bandeiras de luta e de espaço de
trabalho.
Eu queria destacar rapidamente um manifesto que a
gente fez no final de 2012. Este ano vai deixar saudades. Eu vou fazer a
leitura de uma parte do editorial, resgatando um pouco do nosso trabalho da
atual Diretoria da Associação, que foi eleita no final de 2011, para o triênio
2012/2014: estamos finalizando o ano de 2012 com a grande satisfação de
lançarmos o nº 33 da revista Prospectiva, revista essa que tem como finalidade
publicar as práticas e desafios dos Orientadores Educacionais. Neste ano, tomou
posse a nova diretoria da AOERGS, triênio 2012/2014, e, dentre tantas atividades
realizadas, destacamos o desenvolvimento das oficinas itinerantes, o curso
Produção de Vida e Sentidos, trabalhamos com mais de cem Municípios no Estado
do Rio Grande do Sul, envolvendo mais de 1.500 educadores, sendo eles
orientadores, supervisores, diretores, professores e funcionários das escolas.
Os núcleos da AOERGS foram visitados para formação e rearticulação. Dessa ação
colhemos, como resultado, a criação do Núcleo Litoral Norte, com sede em Capão
da Canoa, e a reorganização dos núcleos de Santana do Livramento, Santa Maria e
Uruguaiana. Encaminhamento aos candidatos às Prefeituras de nossas bandeiras de
luta, concurso público, orientadores educacionais habilitados em todas as
escolas. Presença constante da Associação dos Orientadores da AOERGS em todos
os momentos em que se fez necessária a defesa da orientação educacional.
Lamentamos a perda de colegas como a Eva Maria Lago Pinto, membro da diretoria
da AOERGS em várias gestões, e Ione Trindade de Almeida, ex-presidente da
entidade, educadoras à frente do seu tempo, que deixaram um legado e muitas
saudades.
Na trajetória deste ano, a AOERGS reafirma-se como
uma entidade articuladora, mobilizadora e formadora de profissionais
comprometidos em práticas pedagógicas e sociais reveladoras de uma Educação de
qualidade na contemporaneidade. Os textos editados nesta revista Prospectiva
certamente retratam a luta de tantos colegas por uma orientação educacional
comprometida com a transformação social. E é desse lugar que a gente fala,
desse lugar da orientação educacional que nós defendemos com tanta clareza e
objetividade, a importância desse profissional como um elo na educação nas
escolas. É bom destacar também que, nas Secretarias Municipais de Educação, na
Secretaria Estadual, também existem orientadores educacionais atuando como
coordenação responsável por muitos e muitos encaminhamentos e departamentos
específicos na formação e outros trabalhos, todos na articulação necessária
desse trabalho junto aos professores das suas Redes.
Gostaríamos muito de agradecer, em nome da
diretoria colegiada, este espaço promovido pela Ver.ª Sofia. Obrigada, Ver.ª
Fernanda Melchionna, por sua manifestação. Voltaremos aqui e estaremos
dialogando, com certeza, nesta Casa. Boa-tarde a todos.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Nós é que agradecemos, Sra. Andrea Muxfeldt Valer,
Diretora de Formação da Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande
do Sul. Está encerrado o primeiro assunto do período de temático de
Comunicações, com o Dia Nacional do Orientador Educacional. Obrigado a todos.
Este próximo período
é destinado a tratar o plano específico da zona de proteção do Aeroporto
Salgado Filho, trazido pelo Sr. Paulo Vanzetto Garcia, Presidente do Sinduscon.
O Sr. Paulo Vanzetto
Garcia está com a palavra.
O SR. PAULO VANZETTO GARCIA: Obrigado. Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, nós, um grupo de entidades
reunidas na semana passada, cientes talvez do maior problema que Porto Alegre
tenha hoje e que vai ser muito maior daqui para frente, entendemos de vir à
Casa do Povo, à Câmara, colocar os conhecimentos e nivelar esse problema como
um todo. Eu acho extremamente importante que este assunto saia do âmbito apenas
técnico, saia do âmbito apenas de engenheiros e arquitetos e passe a ser um
assunto de conhecimento geral, um assunto do conhecimento do povo de Porto
Alegre, porque este, sim, será o mais afetado daqui em diante. Eu vou fazer um
histórico e depois vou mostrar as consequências disso.
Em 2007, a Prefeitura
de Porto Alegre estava executando o Viaduto Leonel Brizola. Quando iniciou a
perfuração das fundações desse viaduto, os equipamentos, as máquinas de
fundação ficaram acima dos limites de altura permitidos para o aeroporto de
Porto Alegre, isso porque estavam exatamente no cone de aproximação dos aviões.
Isso efetivamente era perigoso. A Aeronáutica fez contato com a Prefeitura de
Porto Alegre – na ocasião, o Prefeito Fortunati era o Secretário de
Planejamento – e solicitou que o projeto do Viaduto Leonel Brizola fosse
refeito ou fosse pelo menos repensado. Junto com isso, trouxe à tona uma regra
de alturas para uma área chamada Zona Horizontal Interna, que não cabe, que não
são os cones de aproximação – nós não estamos falando de cones de aproximação,
estamos falando apenas dessa Área Horizontal Interna, que é um raio que passa
por 4,5 km da pista por sobre a cidade de Porto Alegre. Nós estamos falando de
uma área de escape – talvez nós pudéssemos falar dessa forma – para o caso de
algum acidente ou coisa que o valha. E essa área é colocada para cima de Porto
Alegre, e não para cima de Canoas, por exemplo, o que seria muito mais lógico,
porque Canoas está numa cota muito mais baixa que os morros de Porto Alegre; só
não está para cima de Canoas em virtude da existência da Base Aérea de Canoas,
e não poderia ser feito para aquela região.
De posse disso, a
Prefeitura Municipal, o Secretário do Planejamento na época, congelou todo e
qualquer licenciamento e aprovação de projeto que ultrapassasse aquelas
alturas. Isso causou um problema terrível para a Cidade, porque os prédios que
já estavam em execução – alguns deles prontos, outros totalmente vendidos – e
aguardando apenas o habite-se, ficaram impedidos de ter esse documento formal
para poder fazer as transferências. E eu chamo a atenção para um prédio que, na
minha opinião, é ícone, que é o prédio do CIEE, na Rua D. Pedro II, onde temos
o Teatro do CIEE; aquele prédio estava pronto e não poderia ser ocupado, de
forma alguma, porque a altura dele ultrapassava os limites colocados pela
Aeronáutica.
A Prefeitura
Municipal, tomando conhecimento disso, começou uma movimentação para tentar
pelo menos legalizar os empreendimentos que já estavam em execução, que já
tinham o Projeto aprovado. Em março, abril ou junho de 2008, por aí, foi
assinado um Termo de Ajuste de Conduta entre a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre e o V Comar – V Comando Aéreo da Aeronáutica. Esse TAC foi possibilitado
graças ao trabalho do Ministro Jobim, da Defesa, na época, que fez, que conduziu
esse processo, o que permitiu chegarmos a uma solução se não completa, pelo
menos que não atingisse o passado. Então, o Ministro determinou esse TAC, no
qual a Prefeitura Municipal de Porto Alegre se comprometia – um compromisso da
Prefeitura de Porto Alegre – a não licenciar novos empreendimentos que tivessem
uma altura superior àquelas impostas pela Aeronáutica. Ao mesmo tempo, ela se
comprometia a fazer um levantamento de todos os obstáculos artificiais, ou
seja, construções, que já estavam ultrapassando essas alturas. Esse era o
compromisso da cidade de Porto Alegre. O compromisso da Aeronáutica era que, de
posse dessas informações, conhecendo os obstáculos, a Aeronáutica construiria
um novo plano específico do Aeroporto Salgado Filho – isso está lá no TAC –
contemplando, conhecendo essas novas alturas. Claro que, paralelamente a isso,
de imediato, a Aeronáutica iria inserir esses novos obstáculos nas cartas da
Aviação para que todos os pilotos, pousando no Aeroporto Salgado Filho,
conhecessem as novas alturas e as novas restrições que eles teriam que ter.
Lembro, senhores, que eu estou falando apenas da Área Horizontal Interna. Em
momento algum nós estamos falando dos cones de aproximação, que esses, sim, nós
entendemos são risco para o Aeroporto, isso, sim – se, por exemplo, ele fosse
construído ou fossem ultrapassados os limites de altura –, colocaria em risco o
Aeroporto. Mas nós estamos falando de apenas 60 metros acima do nível do solo,
que isso é o que o nosso Plano Diretor permite. Ele permite apenas 52 metros
acima do nível do solo, mais caixa d’água, alguma coisa, uma antena, no máximo
60 metros. E nós entendemos que qualquer avião que estiver a 60 metros de
altura, ele já caiu.
Para que nós tenhamos
uma compreensão um pouquinho maior disso, as regras de um aeroporto têm um
plano geral, um plano básico. Esse plano básico é baseado nas regras, nos
números internacionais. Esse plano básico, chamado dentro da própria
Aeronáutica de nirvana, por ser o suprassumo do ideal, ele pode e deve ter os
seus planos específicos para cada aeroporto de que nós estejamos falando. Ou
seja, se nós estivermos no Congonhas, ele tem que ter o plano específico de
Congonhas, que contempla toda a topografia local e os obstáculos que existem.
Se estivermos falando do Aeroporto Santos Dumont, ele tem que contemplar a
topografia. É por esse Plano Específico que os aeronautas, os pilotos conhecem
onde estão descendo.
A Prefeitura de Porto
Alegre cumpriu religiosamente o TAC, não licenciou nenhuma obra que
ultrapassasse as alturas estabelecidas e, ao mesmo tempo, fez o levantamento de
todos os obstáculos existentes em Porto Alegre que ultrapassassem aquelas
alturas. O número desses obstáculos é de aproximadamente 400; em 2009, esse
levantamento foi entregue em mãos no V Comar. Feito isso, qual a nossa
expectativa? Que o V Comar, seguindo o que foi colocado no TAC, lançasse esses
novos obstáculos nas cartas da Aeronáutica e construísse um Plano Específico
para o Aeroporto, contemplando esses novos obstáculos. Lembro, também, que o
Plano Específico de Porto Alegre – esse do qual estamos falando – já possuía
erros bastante significativos. Por exemplo, na Rua Pedro Ivo, em Porto Alegre,
a calota da Bela Vista, pelo Plano Específico, deveria ser retirada, porque o
Plano limitava a 78 metros acima do nível da pista, e a Rua Pedro Ivo se
encontra a aproximadamente 80 metros. Então, ele já tinha erros de origem, além
dos obstáculos que foram edificados posteriormente e que foram licenciados.
Qual não foi a nossa
surpresa que, em novembro de 2011, por uma Portaria editada em julho de 2011, a
Aeronáutica, ao invés de apresentar um novo Plano Específico, simplesmente
cancelou o Plano Específico de Porto Alegre. O Plano Específico que já tinha
alguns erros, que já tinha 400 obstáculos que já ultrapassavam essas
restrições, em novembro de 2011 foi extinto. Extinto o Plano Específico, nós
caímos no Plano Básico, no Nirvana. E aí é o caos absoluto. A partir de 2011,
nada mais pode ser edificado em uma área imensa da cidade de Porto Alegre,
muito embora não esteja causando riscos ao Aeroporto.
O Prefeito de Porto
Alegre, testando ou perguntando à Aeronáutica se a edificação de determinado
prédio, estando a 113 metros acima da pista do Aeroporto, ultrapassando mais do
que o dobro o limite, que naquela ocasião era de 48 metros, colocaria em risco
e qual o risco que esse empreendimento causaria ao Aeroporto? A resposta da
Aeronáutica foi que todas as mitigações necessárias na Carta Aérea já tinham
sido tomadas; portanto, não haveria risco ao Aeroporto, nada aconteceria ao
Aeroporto, se edificassem esse prédio. Mesmo assim, nós não tivemos um novo
Plano Específico, permitindo que a cidade de Porto Alegre viva, respire. Hoje
nós entendemos – acho que é isso que a OAB, Secovi e as demais entidades representativas
desta Cidade entendem – que é impossível que, em qualquer Município do Brasil,
se permita que se congele, talvez a área mais importante da Cidade, onde, nos
últimos anos, todos os investimentos públicos foram feitos. O grosso de todo o
dinheiro gasto em Porto Alegre nos últimos anos foi nessa região; o maior valor
foi nessa região.
Se nós formos para as
concessionárias de água e de luz, nós vamos ver que foi nessa região que eles
investiram e aplicaram. Porque é essa região, talvez, a mais densificada da
cidade Porto Alegre. Quem recupera isso? Como nós vamos fazer para deixar isso
congelado para o resto da vida? E vamos para onde? Vamos para a Vila Nova?
Vamos construir na Vila Nova? Ou então vamos construir em Canoas, no outro lado
do Aeroporto? O que nós precisamos entender é que a situação atual é caótica.
Eu gostaria de
apresentar para os senhores quatro imagens que vão nos dizer mais ou menos como
está a cidade de Porto Alegre. (Mostra mapa no PowerPoint.) Neste mapa os
senhores vão identificar qual a área mais afetada. Ele está dividido por cores.
A cor vermelha significa que o solo já está acima da quota, que é 48; a cor
amarela significa que pode construir dez metros, ou seja, casas; a cor verde
significa que vamos construir apenas prédios de quatro a cinco pavimentos; e a
cor azul, por incrível que pareça é a mais próxima do Aeroporto, aí se pode
chegar de oito a dez pavimentos.
Essa é linha do
metrô, por exemplo. Eu vou apresentar uma imagem aos senhores para mostrar como
a linha do metrô está comprometida. Existem diversos projetos de lei na Casa
densificando as estações do Metrô, porque isso é uma das condições de uma PPP,
e está completamente comprometido. Lá em cima, em vermelho, nós podemos ver a
pista do Aeroporto, os dois cones de aproximação. Nada disso nós estamos
reclamando em termos de altura. Os cones de aproximação, na nossa compreensão,
são intocáveis. Fora disso, há uma curva que sai; aí vocês começam a enxergar a
Cidade.
Aqui temos a Av.
Carlos Gomes – 3ª Perimetral. A Carlos Gomes desce, vai indo, lá embaixo é a
Sogipa. Toda essa área da subida da Rua Dom Pedro II, Carlos Gomes, 3ª
Perimetral entra no bairro Bela Vista. Ali vemos a Rua Ramiro Barcelos, Praça
Júlio de Castilhos; para o lado de cá nós caminhamos pela Av. Protásio Alves,
vai até a Rua Ary Tarragô, mais ou menos a Ary Tarragô é o nosso problema. Toda
a área do Shopping Iguatemi e Parque Germânia está comprometida, nada pode ser
feito. Teoricamente deveriam ser retirados esses morros, por teoria. Nada pode
ser feito.
Esta parte, que pega
já um pedaço da Av. Assis Brasil, o
início da Carlos Gomes com a Ramiro, um pouco na parte do bairro Rio Branco –
nessa área somente casas podem ser construídas, somente casas.
Na área verde do
mapa, podemos fazer grandes prédios, de quatro a cinco pavimentos, e na área
azul, nós vamos para dez pavimentos.
O que eu quero
colocar para os senhores é que é insustentável isto o que está aqui. Não podemos imaginar que, no terreno da
Corlac, que foi leiloado há pouco tempo, não possam ser colocadas duas goleiras
de futebol, havendo o risco de entrar um avião dentro do gol. É inconcebível
uma explicação dizendo que eu não posso fazer porque afeto a segurança do voo.
Isso é inconcebível. Se tenho dois prédios, de 15 andares cada um, não posso
construir uma casa no meio – isso é inconcebível.
O metrô. Esta é a
linha do metrô. Os senhores olhem que ele caminha, praticamente no trecho da
Av. Assis Brasil, em áreas onde podem ser construídas casas ou prédios de
quatro pavimentos. Será que isso não causará um problema para se fechar uma
PPP? Os projetos que os senhores têm apresentado aqui, densificando, por favor,
retirem, porque não adianta densificar. Há pouco tempo foi aprovado aqui um
leilão de índices – a Prefeitura vai colocar uma gama de índices construtivos
no mercado –, mas quem se interessará se nós não podemos utilizar esses índices
nessas regiões? Mais ainda: essas regiões são onde os terrenos têm alíquotas de
6%. Os senhores, há anos, votaram uma alíquota diferenciada por bairro, com
nosso apoio, exatamente por quê? Para que esses terrenos fossem para o mercado
e não servissem unicamente como especulação, porque eles estavam com toda a
infraestrutura. Alíquota de um terreno nesta região é 6%, mas o proprietário
não pode colocá-lo no mercado, o proprietário não tem como colocá-lo numa
construção.
Eu vou passar mais
duas imagens muito rápidas, Presidente, da 3ª Perimetral: é um corte na 3ª
Perimetral indo até a Av. Salvador França – começando no Viaduto Assis Brasil,
indo até a Av. Salvador França. A linha vermelha que os senhores estão vendo é
o nível possível ditado pela Aeronáutica. Aquela linha vermelha é o máximo que
nós podemos edificar ou qualquer coisa possa ser feita em Porto Alegre; já a
linha azul é o nível natural do terreno. Então, esta imagem vai andar e os
senhores vão ver que a linha vermelha, em seguida – isto aqui é o Viaduto da
Av. Assis Brasil com a 3ª Perimetral –, já começa a cortar o terreno, ou seja,
o terreno já está acima dos limites. Por ali, mais ou menos, é a Sogipa, quando
corta o terreno. Aqui, é a Av. Cristóvão Colombo, tudo para cima dessa Avenida,
do chão, teria que ser arrancado teoricamente. Para vocês verem o absurdo que é
esse negócio. É surreal!
Ali é a Av. Plínio
Brasil Milano.
Na Rua Anita Garibaldi,
vocês podem notar que a linha azul está muito acima da linha vermelha. Para o
Prefeito Fortunati poder fazer a trincheira que passa por baixo da 3ª
Perimetral, ele vai ter que pedir licença para a Aeronáutica, porque ele está
causando risco ao Aeroporto. É uma trincheira, um túnel, um buraco, mas ele
continuará estando acima dos níveis determinados pelo Aeroporto Salgado Filho.
A Rua Anita Garibaldi
e a Av. Dr. Nilo Peçanha também estão com o mesmo problema.
Ali começa uma
pequena inclinação nos limites de altura, mas continua abaixo do solo. E isso
vai dando continuidade.
Na Av. Protásio Alves
começa a haver um desencontro, mas os prédios já têm que ser arrancados iguais.
Aí começa a Rua Dr.
Salvador França, e lá para baixo libera.
Essa imagem mostra um
corte transversal que pega da Praça da Alfândega, seguindo pela Rua Duque de
Caxias, Av. Independência, Rua Anita Garibaldi, até a 3ª Perimetral, que mostra
um pouco também do que acontece no outro sentido. Lá em cima, na Praça da
Alfândega, não afeta em nada a restrição do Aeroporto.
Na Av. Borges de
Medeiros está alto também, não há problema algum.
Na Praça Dom
Feliciano já começamos a descer. Na Rua Sarmento Leite já começa, pelo menos, a
cortar os edifícios. Todas aquelas casas estão tombadas. Na Rua Dr. Barros
Cassal também.
Na Rua Ramiro
Barcelos começa a haver o corte. Por exemplo, se precisar ampliar o Hospital
Moinhos de Vento, ele vai ter dificuldades em aprovar o seu projeto.
Praça Júlio de
Castilhos. A Rua Mostardeiros começa a descer; a Av. Goethe já tem uma
folguinha, dá para botar, talvez, uma casa.
Ali nós entramos na
Rua Anita Garibaldi e vamos pela Av. Mariland. A situação da Av. Mariland já
está acima. Vamos descendo, na Rua Silva Jardim já equilibra, e aí nós chegamos
à Av. Carlos Gomes.
Senhores, isso que
estas entidades vieram fazer aqui hoje é um alerta. Nenhuma cidade do mundo se
permite manter esta área imensa congelada ad
aeternum. Uma área deste tipo, congelada, é marginalizada, ela perde valor,
os investimentos que a Prefeitura fez com o nosso dinheiro, na infraestrutura,
vão se perder no meio desse caminho. Os investimentos privados que ali existem
também vão se perder no meio do caminho.
Então, senhores, por
favor, a intenção que nós tivemos, Sinduscon, OAB, Secovi, Sindimóveis,
associações do Plano Diretor, vai me faltar memória para alguns... Porque os
senhores são os representantes da cidade de Porto Alegre, e é através de uma
solução política que isso deve dar seguimento. Tecnicamente, todas as portas
foram fechadas nos últimos cinco anos.
Eu agradeço a todos e
fico à disposição para se houver alguma pergunta.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Convido o Sr.
Paulo Vanzetto Garcia a fazer parte da Mesa.
O Ver. Bernardino
Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, na pessoa do Presidente do
Secovi, Dr. Moacyr Schukster, eu quero cumprimentar todos que aqui estão.
Eu fiz questão de
falar primeiro, até para dar oportunidade aos meus colegas de fazerem críticas
sobre aquilo que aqui vou falar, se assim o quiserem.
Também quero
cumprimentar o Coronel Uirassú Litwinski Gonçalves, que é o Assessor de
Relações da Aeronáutica; e o Engenheiro Paulo, Presidente do Sinduscon. Antes
quero cumprimentá-lo pela forma didática com que conseguiu nos mostrar um
problema grave da Cidade. Eu só lamento que não se possa ter o contraponto
técnico. Os encontros aqui em Porto Alegre, eu tenho visto, ainda que se chame
de Cidade da democracia participativa, são feitos, primeiro, com um grupo, e,
depois, em outro local, em outra data, com outro grupo, e aí não conseguimos
nos alimentar dos debates técnicos. Por isso, Presidente Haroldo, Presidente
Paulo, Coronel Litwinski, seria de fundamental importância que nós pudéssemos
contar, agora, neste momento, com a representação da Aeronáutica, para que ela
pudesse também tentar nos mostrar seus argumentos técnicos. De qualquer sorte,
eu, depois de ouvir algumas pessoas, vim a esta tribuna fazendo um
questionamento de por que não se usa o Aeroporto de Canoas, por que não se
adequa o Aeroporto de Canoas, da Aeronáutica, construindo-se ali um terminal de
passageiros, que é o que falta, para que possamos receber aqui voos internacionais.
Há que se registrar, antes que eu esqueça, que o Aeroporto da Base Aérea está
no meio de um triângulo, entre a BR-116, a BR-118 e a BR-290. Lá, há uma pista
melhor, que é a atual pista, e ela tem condições de absorver mais duas pistas,
o que não tem hoje a pista do Aeroporto Salgado Filho. O dia que uma aeronave
furar um pneu lá na pista do Aeroporto Salgado Filho, tranca tudo, pois só tem
uma pista. E o compartilhamento é usado; não só aqui no Brasil, como em outros
lugares do mundo. Aqui temos o Galeão, o Guarulhos, enfim, a maioria dos
aeroportos aqui é compartilhado. Então, não teria por que não se fazer uma
adequação do Aeroporto de Canoas. E mais ainda, liberando os 380 hectares, quem
sabe lá, para um novo bairro da cidade de Porto Alegre? Até porque, ainda que
se façam as adequações ao Aeroporto Salgado Filho, nós vamos permanecer com
deficiência. As grandes empresas – muitas delas – têm dificuldade de vir aqui
para o Rio Grande do Sul por falta de um aeroporto com condições de embarque e
desembarque, principalmente na questão industrial. E ali em Canoas nós teríamos
e temos espaço para isso e não há o problema que nós temos aqui em Porto
Alegre, em função de a Cidade lá ser plana naquela região.
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Bernardino
Vendruscolo prossegue a sua manifestação, a partir deste momento, no período
temático de Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Então, me
parece que nós precisaríamos fazer esse enfrentamento. É decisão que depende da
Presidência da República, é claro, mas me parece muito lógico. Eu me convenci
ouvindo alguns técnicos que não têm a mesma liberdade que tenho de vir a esta
tribuna e dizer o que estou dizendo.
Eu prometi a alguns
colegas que faria um registro e preciso fazê-lo, Ver. Haroldo. Hoje estão
faltando alguns colegas aqui, e eu poderia jurar que eles não faltariam, mas
faltaram. Nós todos estamos chegando de uma campanha eleitoral, e me preocupa
muito porque me faltam elementos, Engenheiro Paulo e Coronel Uirassú, mas eu
tenho a impressão de que alguns projetos, em determinados locais, foram
liberados! Eu tenho essa impressão! Quando eu fiz o primeiro discurso desta
tribuna... Sabem que o facebook é uma arma
terrível, nos castiga uma barbaridade! Castiga, é
verdade, Adeli! As pessoas pensam pequeno. Muitos imaginam que a gente aqui não
defende o coletivo, o social, eles pensam que defendemos só alguns interesses
pequenos. O Vereador Adeli me disse: “Vereador, eu fui olhar a declaração da
sua campanha, e o senhor enlouqueceu! Quem tinha que fazer esse discurso não é
o senhor, são os outros!” E eu, defendendo um grupo de colegas, vou reafirmar
que nós estaremos aqui para defender o que é de interesse da sociedade, do
progresso, independente das dificuldades que nós enfrentamos no último pleito,
da concorrência pesada, terrível! Nós vamos estar aqui defendendo os interesses
do progresso, como nós estivemos naquele malfadado projeto, mal avaliado e
injustiçado, o do Pontal do Estaleiro, e perdemos! Perdemos um belo projeto
para a Cidade! Agora, ao lado, a menos de cem metros estão levantando torres;
daquela construtora ninguém fala nada! Vai lá no registro do TRE que vocês vão
entender por quê!
Engenheiro Paulo, nós
vamos estar aqui defendendo os interesses da sociedade, sim, do progresso, do
respeito ao meio ambiente; não o que estão fazendo perto do aeroporto:
aterrando violentamente! Não é do jeito que aquela construtora está fazendo lá.
Eu vim de uma audiência no Ministério Público, e aquilo lá é um absurdo, mas
vai ser corrigido!
Para finalizar, quero
agradecer a minha Bancada, Ver. Tessaro, Ver. Tarciso; e quero dizer que nós
vamos estar aqui, sim, defendendo o progresso. Nós precisamos observar a Zona
Sul de Porto Alegre, pois estão construindo de forma desordenada por lá. Nós
não temos estrutura para levar toda aquela população prevista para a Zona Sul.
Precisamos olhar para a Zona Norte também. E 380 hectares, na região do
aeroporto, podem ajudar muito Porto Alegre. Por que não? Por que não fazemos
uma Frente e levamos à Presidente Dilma essa possibilidade de se aproveitar
melhor o aeroporto de Canoas, adequá-lo? Fica aqui a sugestão deste surrado
Vereador, mas sempre olhando para frente, com a esperança de ver grandes
projetos para Porto Alegre. Parabéns, Paulo! (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Idenir
Cecchim está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; senhoras e senhores Vereadores, Presidente Paulo Garcia,
demais que estão nos assistindo, eu acho que carece de um tratamento
psiquiátrico quem está impondo isso a que nós estamos assistindo hoje, e, daqui
a pouco, nós também precisaremos! Nós estamos ficando loucos! Não tem motivo
nenhum e não tem embasamento técnico nenhum que... Não é a Aeronáutica, não é o
V Comar! É o Decea, lá em Curitiba, que está teimando com isso! Talvez seja uma
questão pessoal de um ou dois coronéis. Agora, nós temos um Plano Diretor aqui
nesta Cidade. E eu acho que nós, Vereadores, não podemos nos submeter a nenhum
coronel, a não ser que sejamos soldados. Nós temos um Plano Diretor da cidade
de Porto Alegre, aprovado pelos Vereadores de Porto Alegre. E nós saberemos
resolver essa questão de uma forma tranquila, legal e sem derrubar nenhum
avião. Não é possível que uma cidade fique de joelhos porque um Major
Brigadeiro Ramon da vida, lá do Decea, em Curitiba, resolveu dizer “não”! Se
ele disser “não” para uma coisa que tem fundamento, ainda vá lá. Mas não, ele
diz “não” para as coisas que estão já feitas. A cidade já está construída, está
pronta. Senão, Ver. Adeli Sell, vamos ter que arrancar a 3ª Perimetral que o
seu Governo fez com muito sacrifício, com muito dinheiro. Teremos que arrancar,
porque o Major Brigadeiro Ramon acha que está acima do nível permitido para
termos o nosso aeroporto liberado. Acho que a coisa é muito séria, e tenho
certeza de que os 36 Vereadores desta Casa vão tomar isso para si. Façamos
juntos uma comissão externa, uma comissão especial, seja qual for o nome dado
para essa comissão, mas que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre puxe para si
isso, senão não adianta nada votarmos, debatermos e cobrarmos o Plano Diretor.
Não adianta nada! Ou fazemos aquilo que a Cidade decide, através da Câmara,
através dos Conselhos, ou vamos obedecer ao Major Ramon; não sei mais se ele
continua lá, mas foi ele que começou essa confusão no Decea em Curitiba.
Acho que está na hora
de o V Comar – que tem pessoas inteligentes e que conhecem a cidade de Porto
Alegre, seu relevo, a sua realidade – chamar seus colegas ou ex-colegas, não
sei se já tem alguém na Reserva, para fazer um sobrevoo por Porto Alegre para
mostrar como é a Cidade, pois certamente ele não sabe. Não acredito que um
homem que chegou à patente de Coronel ou Brigadeiro tenha na cabeça um absurdo
desses! Não é possível, a não ser que desconheça.
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Idenir Cecchim prossegue a sua manifestação, a partir deste
momento, no período temático de Comunicações.
O SR. IDENIR CECCHIM: Não é possível que
ele cometa uma barbaridade dessas, enfrentando até o próprio Ministro; na
época, o Ministro Nelson Jobim teve que fazer, junto com o Ministro da
Aeronáutica, um TAC. Se fizer TAC pode, se não fizer TAC não pode? Qual é a
diferença? Mudou alguma coisa no Aeroporto depois do TAC? Foi aprovado antes;
os edifícios estão prontos. E aqueles terrenos que ficaram entre dois
edifícios? Como ficam esses? Como fica lá na Avenida Ary Tarragô, talvez a
avenida que mais esteja recebendo construções do “Programa Minha Casa, Minha
Vida”, para resolver o problema de milhares de pessoas? Como fica o
desenvolvimento da Cidade de Porto Alegre? Agora essa ameaça velada, que faz o
Decea de que vão retirar a condição de aeroporto internacional! Então, que esse
coronel vá lá e diga para a Presidenta Dilma Rousseff que vai tirar isso, ele
que comunique à Presidenta Dilma Rousseff, se ele é tão valente assim! Eu não
acredito que a Aeronáutica, como instituição que todos respeitamos e admiramos,
que tem um passado glorioso, deixe um ou dois ou três ou dez, lá em Curitiba,
denegrir a inteligência dessa grande corporação, porque isso é botar abaixo
toda a inteligência dessa gente! Temos que fazer com que essas pessoas
compreendam, tenho certeza de que eles não estão compreendendo!
Eu acho que o nosso V
Comar, através do Comandante, através das pessoas que estão aqui, vão levar
para esses senhores do Decea a
realidade de Porto Alegre. Não vamos mais ficar calados, nem que tenhamos que
sentar na pista do Aeroporto para chamar a atenção, mas não podemos mais nos
submeter a isso, Ver. Pujol, não tem como uma Câmara inteira, uma Cidade
inteira, uma economia inteira ficar de joelhos pela má vontade de dois ou três! Tenho certeza de que
o Comando do V Comar, junto com as pessoas inteligentes da Aeronáutica, vai
fazer essa meia dúzia do Decea entender que, quando a exigência chega às raias
do absurdo e da burrice, não pode ser mantida! Isso que vemos ali, essas
exigências são burrices, e burrice não combina com a patente das pessoas que
estão lá. Então, que digam qual é o problema. Acho que é desconhecimento; vá lá
que seja isso, mas que isso se mude, e vamos começar a fazer isso.
Os Vereadores desta
Cidade que votaram o Plano Diretor, o Conselho do Plano Diretor e a população
de Porto Alegre vão fazer com que isso se modifique. Não é possível, a cidade
de Porto Alegre não pertence ao Decea, não somos funcionários do Decea nem da
Aeronáutica; precisamos da Aeronáutica como os cidadãos brasileiros precisam,
mas não somos funcionários da Aeronáutica, muito menos do Decea: somos
funcionários da Prefeitura, da Câmara, somos funcionários da cidade de Porto
Alegre, e vamos, de agora em diante, como sempre fizemos, defender a cidade de
Porto Alegre, porque nós estamos sendo atacados no nosso direito, na nossa boa
vontade e, particularmente, estamos sendo atacados na nossa inteligência. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Adeli Sell
está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Ver.
Haroldo, na presidência dos trabalhos; meu caro Paulo, em seu nome, cumprimento
todos aqueles que participam deste evento nesta tarde. Eu também achei, como
disse o Ver. Bernardino, que a Casa estaria cheia, porque o assunto é do
interesse da cidade de Porto Alegre e, também, da mesma forma que o Bernardino
e provavelmente outros tantos aqui, eu sinto a ausência de certos Vereadores,
inclusive de quem já passou pela Prefeitura de Porto Alegre no último período.
Eu não pretendo
xingar ninguém, nem atacar, mas não vou poupar, porque, a bem da verdade, há um
acordo internacional, e eu respeito os acordos internacionais, mas eu quero
saber quando foi feito esse acordo, se há revisão e por que não foi feita uma
revisão, pois, com as novas tecnologias – e eu fui lá tomar uma aula com o
Superintendente da Infraero, eu andei estudando...
(Aparte
antirregimental do Ver. Valter Nagelstein.)
O SR. ADELI SELL: Não, eu
aprendi. Eu também fui estudar um pouquinho esse tema, e não há justificativa
para as coisas que andam falando, dizendo e proibindo. Em primeiro lugar, a
soberania, no Estado Democrático de Direito, no Brasil, que é um Estado
federativo, não é perfeita, mas é assim; nós temos a União, o Estado e os
Municípios. A Lei Maior é a Lei Orgânica do Município e ela diz que tem que ter
um Plano Diretor. Nós temos um Plano Diretor. Se estamos tão errados com o
Plano Diretor, eu pergunto o seguinte: por que as autoridades competentes nessa
área da aviação não entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
contra o Plano Diretor de Porto Alegre até hoje? Respondam-me isso. É simples.
É elementar, por isso eu disse que não vou me curvar, que eu não vou poupar. Eu
vou dizer que estão brincando. Uma autoridade que é autoridade, que é
supostamente superior a nós, porque assinou um convênio internacional, deveria
ter a coragem e a determinação de entrar na Justiça e dizer que os 36
Vereadores de Porto Alegre e o Prefeito, que sancionou, e os Secretários, estão
prevaricando! Estão prevaricando! Ah, isso não têm coragem para fazer! E eu
digo o seguinte: eu vou estar numa condição importante no dia 1º de janeiro,
talvez um pouco complicada, porque poderia ser mais facilmente acionado na
Justiça, porque vão dizer que eu não tenho mais a imunidade parlamentar, mas já
com imunidade parlamentar eu fui acionado por causa de um artigo que eu escrevi
sobre o Morro do Osso – está lá no Supremo. Se há justiça neste País, hei de
ganhar! Mas eu quero dizer o seguinte: eu continuarei sendo cidadão de Porto
Alegre. Eu votei um Plano Diretor e vou defendê-lo ipsis litteris fora da Casa, e talvez vá ser mais fácil eu fora da
Casa, sem as amarras da minha Bancada, sem as amarras do meu Partido, apesar de
ser Presidente do Partido, e, por isso, eu vou chamar à discussão em todo o
Partido, e não ficará restrito à minha Bancada – que, por sinal, está ausente,
hoje, aqui. Eu poderei dizer publicamente talvez coisas que eu não disse e não
direi aqui pelas injunções internas da Casa, mas eu estarei ao lado do povo de
Porto Alegre, que quer poder morar, poder construir, porque isso que foi
mostrado pelo Paulo Garcia do Sinduscon é inaceitável. Se Kafka tivesse a
condição de vir para cá junto com algum escritor latino-americano da boa
literatura fantástica, como Gabriel García Márquez, eu tenho a certeza de que,
daqui a um ano e meio, sairiam duas obras-primas da literatura mundial.
Termino com isso,
meus colegas Vereadores, minhas senhoras e meus senhores. É uma pena o
esvaziamento do Plenário, mas está registrado. Espero depois copiar o meu
discurso e enviá-lo massivamente. Eu quero dizer que proponho aquilo que os
gloriosos americanos, como Walt Emerson já fez há um século e meio nos Estados
Unidos: a desobediência civil, ou seja, a nossa rebeldia pelos nossos direitos,
para que não façam de nós capachos dos interesses e de alguma legislação
arcaica, atrasada. Vamos a Brasília! Vamos falar com a Presidente da República,
que é quem manda nesta situação, e não vamos nos submeter! Muito obrigado!
(Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Só quero,
rapidamente, deixar uma pergunta para o Paulo, para ser respondida depois.
Paulo, sou Presidente da Frente Parlamentar do Turismo nesta Casa, e, para o
turismo de Porto Alegre, é imprescindível a expansão da pista do nosso
Aeroporto. Nós temos eventos internacionais, especialmente a Copa, para os
quais isso é fundamental. A pergunta é: é possível compatibilizar a expansão da
pista com as exigências atuais da nossa Aeronáutica? Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Nelcir Tessaro
está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. NELCIR
TESSARO: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; quero
cumprimentar aqui o Presidente do Sinduscon, Paulo Garcia; cumprimentar todos
os presidentes e dirigentes das entidades aqui presentes, e o público que nos
assiste; venho a esta tribuna, Paulo, porque assisti à sua explanação, e
realmente nós manifestamos sempre a nossa preocupação com Porto Alegre. Desde
2005, nós estamos justamente fazendo análises, vendo o que se pode desenvolver,
o que pode se construir, e o tema da ampliação do Aeroporto, o problema do
impacto, o problema do V Comar nunca saíram de pauta.
Paulo, falaram muito
bem os que me antecederam aqui, mas a ação que tem que ser tomada é uma ação
não só da Prefeitura de Porto Alegre: a ação que tem que ser tomada aqui, Ver.
Ferronato, é uma ação de Estado, é uma ação de envolvimento dos nossos
Deputados Federais, em Brasília, para defender o nosso Estado. A nossa Capital
pertence ao Estado do Rio Grande do Sul, e o Aeroporto atende a todo o nosso
Estado. O problema do V Comar está muito ligado à esfera federal, e nós temos
que fazer uma grande ação na Bancada Federal buscando levar ao conhecimento da
nossa Presidente Dilma a questão do desenvolvimento da nossa Cidade. Nós
sabemos que no mundo inteiro... Claro que os equipamentos dos aeroportos são
melhores, mas também podemos colocá-los aqui em Porto Alegre. Nós temos
aeroportos no mundo inteiro que ficam no meio de cidades: na Alemanha, no
Japão; em São Paulo nós temos o aeroporto dentro da cidade; no Rio de Janeiro,
o Santos Dumont está dentro da cidade do Rio de Janeiro. Quer dizer, nós vamos
zerar tudo, ou vamos começar a resolver os problemas que são possíveis de ser
resolvidos? É um absurdo as exigências do V Comar, parece que querem dizer:
“Vão ter que se curvar às nossas exigências!”
Cada projetinho que
acontece em Porto Alegre é tratado como um projeto especial; o Prefeito faz um
decreto, pode construir. Mas tem que fazer o decreto. É simplesmente para dizer
que temos que seguir a cartilha do V Comar! Mas nós não temos que seguir essa
cartilha que está imposta, Ver. Nedel. Nós temos é que mudar a cartilha, e,
para que isso aconteça, somente com a união de todos: Vereadores, Prefeito,
Governador, Deputados Federais, Estaduais, mas principalmente a nossa Bancada
federal, fazendo com que, lá na Presidência da República, haja uma reunião com
o Exército, com as autoridades que estão analisando e impondo isso. Aqui nós
somos subordinados ao Paraná; que o Paraná venha para cá e verifique. O Paraná
tem o aeroporto em São José dos Pinhais, que é afastado do centro da cidade.
Nós não temos aqui facilidade para levar o aeroporto mais para fora, não temos
essa facilidade.
Nós sabemos que temos
diversas obras necessárias para a expansão da Cidade, nós precisamos densificar
o Centro da Cidade, os vazios urbanos, melhor do que construir lá na Zona Sul,
onde há grande prejuízo tanto para a Cidade como para a população, porque lá
nós temos que fazer todas as obras de infraestrutura, o que equivale a dizer
que todas as obras em Porto Alegre serão oneradas em 10%.
Então, é hora de
mobilização, está na hora de buscarmos uma frente parlamentar. Eu já vou pedir
que o meu Deputado, o nosso Deputado do PSD em Brasília fale com toda a nossa
Bancada, com os 52 Deputados de todo o País, para que possamos discutir pontos,
vamos nos unir por Porto Alegre agora. No futuro, vamos nos unir por outro
Estado, mas é assim que temos que fazer. Nós estamos dentro de uma Federação, e
uma Federação tem que trabalhar para todos os Estados. Nós não podemos admitir
mais na Cidade pessoas... alguns que são mais, como se diz, espertalhões, que
vão lá e pegam um terreno dizendo para a pessoa: “Tu tens que vender, porque
aqui não pode construir.” Aí aquela pessoa vende barato, se desfaz do seu
patrimônio, e chega outro e diz: “Não, aqui eu vou ter uma solução de pegar um
decreto para construir.” Não, nós temos que ter uma solução para todos, e essa
solução é a mobilização, Paulo. Essa mobilização tem que ser feita em Brasília,
na Câmara dos Deputados, para podermos melhorar a situação. Parabéns pela explanação!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Luiz
Braz está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. LUIZ BRAZ: Cumprimento o
Presidente, Ver. Haroldo de Souza; o Presidente do Sinduscon, Dr. Paulo Garcia;
e todos os que estão aqui presentes, e quero cumprimentar a Casa também porque
esta é uma das primeiras vezes, desde que a quinta-feira foi modificada, que
nós fazemos realmente a discussão de um tema que interessa a toda a Cidade. A
maioria das nossas quintas-feiras tem sido gasta com temas que interessam a
pequenas porções da nossa população, mas hoje não! Esse tema que nós estamos
discutindo é de extrema importância.
Eu quero divergir um
pouco de alguns dos oradores que por aqui passaram. Eu acho que o erro maior,
Ver. Adeli Sell, vem sendo cometido por esta Casa há muito tempo. Aliás, não só
por esta Casa, por este Município há muito tempo. Nós temos um Plano Diretor, e
as mudanças do nosso Plano Diretor são episódicas, não levam em consideração uma
cidade ideal. Nós não temos, na verdade, em nossa memória, em nossa
planificação, em nosso planejamento, a cidade que nós queremos atingir. De
repente, vêm aqui as modificações para o Plano Diretor e mostram que tal região
tem que começar a construir com um pouco mais de altura; a outra região tem que
ser mais contida, coisas assim. Eu acredito que nós deveríamos – e os meus
amigos do Sinduscon poderiam orientar muito bem esta Casa –, com a ajuda de
técnicos, fazer o Plano Diretor ideal, a Cidade que nós queremos. Aí nós
iríamos trabalhar aqui nas modificações necessárias do Plano Diretor para que
nós pudéssemos atingir a Cidade que nós queremos. Como nós não temos isso, nós
não podemos simplesmente fomentar uma solução meramente política para um
episódio que não é somente político, é um episódio que merece um olhar mais
técnico. Nós temos uma Copa do Mundo que vai acontecer logo ali, e nós vamos
ter muitas saídas e chegadas de aviões na nossa Cidade. Se nós levarmos apenas
pelo lado político da coisa, e acontecer um acidente em nosso aeroporto, nós
vamos ter uma discussão muito longa e uma culpa que vai ser jogada em cima das
pessoas que estão trabalhando com o Plano Diretor.
A partir do que o
Engenheiro Paulo Vanzetto mostrou para nós com relação a um absurdo que temos
hoje nesta Cidade a respeito de construções que já foram feitas e que estão bem
acima da marca possível, pelo menos, daquela marca ditada pelos aeronautas,
pelos técnicos na Aeronáutica, eu acho que tem que haver um acordo, um encontro
entre os técnicos do Sinduscon, os homens da arquitetura, e aqueles que são
ligados à Aeronáutica, que são técnicos também e que estão dizendo que precisam
de modificações, que necessitam que as alturas não subam, em determinadas
regiões, mais do que já subiram para não comprometer os pousos no nosso
Aeroporto. Ora, eu acho que tem que haver uma discussão para haver
convergência. Nós não podemos simplesmente, através de discursos políticos,
achar que vamos encontrar uma solução política, e alguém vai dizer: “Agora,
pode construir à vontade
aqui ou ali, e pronto! Eu acho que não!
(Som
cortado automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. LUIZ BRAZ: Muito obrigado, Ver. Haroldo de Souza.
Nós temos que chegar a um ideal, e esse ideal só podemos conseguir sendo
convergentes, e não com afastamentos, com divergências ou com brigas. Acho que
está mais do que hora de o Sinduscon trabalhar junto com esta Casa para que a
gente possa encontrar o Plano Diretor ideal para a Cidade, o que ainda não
temos. Apesar de todas as modificações que já fizemos aqui, acho que o Plano
Diretor hoje representa mais uma aventura: um Vereador ou outro cita qual a
mudança que pode ou que deve ser feita aqui ou acolá. Mas eu acho que o Plano
Diretor não pode ser feito assim! Eu acho que as modificações que fazemos aqui
têm que merecer um olhar mais técnico, e não apenas um olhar político.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Toni Proença está com a palavra
no período temático de Comunicações.
O SR. TONI PROENÇA: Obrigado, Presidente Haroldo de Souza.
Quero cumprimentar o Paulo Garcia, Presidente do Sinduscon, que nos visita
hoje, e o Moacir Schukster, do Secovi; cumprimentando o Moacir, cumprimento
todas as entidades aqui. Queria fazer um cumprimento muito especial ao Cel.
Litwinski, que está representando a Aeronáutica. Eu ouvi atentamente a
apresentação do Paulo e me parece que ficou bem claro que a Aeronáutica, o V
COMAR, na verdade, não cumpriu a sua parte do Termo de Ajustamento de Conduta
acertado, e eu acho que é isso que tem de ser abordado.
Eu
queria sugerir ao Ver. João Carlos Nedel, que é da Frente Parlamentar de
Turismo, portanto, teria legitimidade, que se construísse, nesta Casa – pode
ser na Frente Parlamentar para não criar uma outra frente –, um movimento,
incluindo todas as Bancadas e todos os Vereadores que tivessem interesse no
assunto – acredito que a maioria tem –, para que a gente pudesse aceitar a provocação do Paulo e para que a gente pudesse propagar na
Cidade esse debate, para que isso não fique um debate aparentemente de
interesses empresariais e interesses contrariados da Aeronáutica. Como bem
disse o Ver. Luiz Braz, que é sempre muito sábio quando sobe a esta tribuna, essa
é uma questão técnica que envolve segurança, envolve desenvolvimento da Cidade
e envolve recuperar o investimento que a população desta Cidade fez em algumas
áreas. Portanto, é uma questão que tem que ser discutida com muita seriedade,
com muita calma e muita tranquilidade, para que se chegue a um denominador
comum. Está tudo colocado; não existe mais nada obscuro nisso, a não ser que é
preciso fazer um plano específico para o Aeroporto Salgado Filho. É disso que
se precisa. E esse plano específico tem que ser construído pelo V Comar e pelos seus técnicos, mas é
preciso envolver a Cidade toda para mostrar à Cidade que, do jeito que está,
não pode ficar. É preciso haver a construção de um pacto na Cidade que possa
levar o V Comar a cumprir a parte no
TAC que ele assinou com o Ministério Público. Com isso, estaremos muito perto
da solução, tenho certeza disso, porque os prédios já estão, as avenidas já
estão, o desenvolvimento da Cidade aí está. Nós aprovamos um Plano Diretor que
é, para mim, a lei máxima depois da Lei Orgânica, e talvez até antes da Lei
Orgânica, um Plano de convivência na Cidade, entre o desenvolvimento e o
interesse da população. Então é preciso que a gente construa isso, mas alguém
tem que liderar, e eu faço a provocação que a Frente Parlamentar de Turismo,
liderada por V. Exa., que é um homem de muita tranquilidade e de muita
serenidade, possa liderar dentro da Câmara. E, assim como fez o Sinduscon e
Secovi, liderando as entidades empresariais responsáveis pelo desenvolvimento
econômico da Cidade, possa também a representação popular da Câmara de
Vereadores, que é a legítima representante de todas as parcelas da população de
Porto Alegre, se somar a esse debate e trazer o V Comar para um debate amistoso com o interesse de achar a solução, de
encontrar um bom termo para resolver esse impasse. E que a Cidade toda se
mantenha informada a respeito desse problema que hoje todos nós enfrentamos.
O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Quero dizer, Vereador, que aceito a sua
sugestão para esse assunto. Vamos realizar esse encontro e tantos encontros
quantos forem necessários.
O SR. TONI PROENÇA: Muito obrigado pela
sua aceitação da provocação. Minha vinda à tribuna já surtiu efeito. Muito
obrigado a todos.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Alceu
Brasinha está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; Sr. Presidente do Sinduscon, Paulo V. Garcia; realmente é um
problema sério, eu acho que o V Comar deveria ter debatido o Plano Diretor
conosco. Nós debatemos o Plano Diretor – e eu estou aqui desde o começo de 2005
–, e, quando começamos a debatê-lo, andamos por todos os bairros, por todos os
cantos da Cidade debatendo, e nunca sequer esses cidadãos compareceram para
debater o assunto do Aeroporto.
Mas eu costumo dizer
que, nesta Cidade, como tem gente que gosta de trancar a rua! Como tem, Ver.
Tarciso! Por quê? Eu, quando olho para o cidadão que tem uma empresa, que tem
coragem de ter uma empresa... Porque hoje é preciso coragem para ter uma
empresa, pois se é perseguido por todos os lados. O cara que tem uma empresa é
perseguido por todos os lados, é tratado como marginal, e, pelo contrário,
tinham que bater palmas para eles, porque eles dão empregos e colaboram com a
Cidade; se há crescimento na Cidade é graças ao setor de construção.
Então, eu quero
dizer, Paulo Garcia, que realmente fico pensando: o que se pode fazer? Onde nós
estamos? Por que esse Brigadeiro não apareceu aqui para debater junto o Plano
Diretor? Por que não apareceu? Foi debatido intensamente em várias audiências
públicas e nunca apareceram, Ver. DJ Cassiá. E agora vem mais um problema, e um
problema sério! Então, nesta Cidade, nada pode! Todo mundo gosta de atirar
pedra. Se tiver qualquer coisa na Cidade, lá vem um para trancar ou atirar,
porque vai perturbar a Cidade. E eu sou um Vereador que não entende de
construção, mas quero dizer a vocês que tenho muita admiração pelo seu setor, porque
vocês trabalham, a Cidade cresce, vocês dão empregos e esta Cidade cresce
graças ao setor da construção.
Já disse uma vez e
digo mais uma, porque eu fui um dos primeiros a assinar o Pontal do Estaleiro,
e achei uma injustiça terem feito aquilo! Hoje serviria até para a Copa do
Mundo, um empreendimento que estaria quase pronto. Agora, aparece mais esse
problema. O que pode nesta Cidade? Como o setor da construção vai fazer prédios
de quatro, seis, oito andares? Como vai sobreviver?
Eu quero dizer, Ver.
Haroldo de Souza, que estou junto para ajudar, trabalhar e buscar o
entendimento, Ver. Dr. Goulart, porque o senhor sabe: quando aparece algo, as
pessoas adoram bater contra! O que tem contra o empresário que labuta, trabalha
tanto para o seu crescimento?! Aí eles querem que venham os caras lá do outro
lado do mundo para serem aplaudidos. Temos que aplaudir os nossos daqui, e
ajudar, brigar e comprar a briga dos nossos empresários daqui de Porto Alegre,
do Rio Grande; isso sim! Eu sou um dos que admiro o empresário de Porto Alegre
e do Rio Grande.
Para isso que quero
dizer aos senhores que realmente eu posso falar, porque debati intensamente o
Plano Diretor todo o tempo. A Ver.ª Maria Celeste era Presidente, nós fizemos o
debate em toda a Cidade, e nunca sequer a Aeronáutica participou de um debate
nosso. Então, Ver. Pujol, nesse sistema pode acontecer algum problema lá para a
nossa Arena, que está sendo inaugurada, Ver. Pedro Ruas, nesse sistema pode.
Agora, eu quero dizer
que podem ter certeza absoluta, se precisarem de alguém para gritar, ajudar,
trabalhar e buscar um entendimento, contem com o meu apoio. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Não temos mais
inscrições no período temático de Comunicações.
O Sr. Paulo Vanzetto
Garcia, Presidente do Sinduscon, está com a palavra.
O SR. PAULO VANZETTO GARCIA: Obrigado,
Presidente. Eu fiz algumas observações e eu gostaria de passar brevemente.
O Ver. Luiz Braz
sugeriu a participação do Sinduscon, Vereador, em uma discussão ampla sobre o
Plano Diretor que a Cidade gostaria. Eu só quero me colocar à disposição, sem
dúvida, o Sinduscon se coloca, mas o Sinduscon é apenas mais uma entidade e tem
a sua visão. Hoje, por exemplo, nós estamos aqui representando um grupo grande
de entidades e associações; são mais de 20, que nos trouxeram até aqui. Foi o
Dr. José Euclésio, que representa a OAB e a
Agadie, que fez esse movimento para que nós viéssemos aqui, e o Sinduscon
só está aqui falando agora porque nós somos os primeiros a sermos afetados. Lá
em 2008, nós fomos os primeiros; sendo os primeiros, nós aprendemos um pouco
desse imbróglio, nós conhecemos um pouco dessa situação, e, a pedido das
entidades, estamos aqui tentando explanar o problema que esta ocorrendo.
Acho importante a sua
sugestão, e tenho certeza de que esse grupo de entidades poderia, muito bem,
vir aqui dar um conjunto de opiniões, fazer uma grande mistura, sacudir e tirar
uma coisa muito interessante disso tudo.
O Ver. Nedel falou da
Bancada Federal. Já estamos tratando disso, Vereador, já conversei com o
Deputado Renato Molling, que é o
coordenador da Bancada Federal gaúcha. Agora já estamos em fim de legislatura;
no ano que vem, em fevereiro, vamos sentar, e a mesma explanação que fiz aqui
para os senhores, nós, entidades, levaremos para a Bancada Federal.
O Ver. Vendruscolo
colocou que talvez existam alguns prédios que foram aprovados fora dos padrões.
Só para que isso não fique no ar, eu gostaria de dizer o seguinte: o corte foi
feito em novembro de 2011, ou seja, tudo o que foi aprovado e licenciado antes
de novembro de 2011, que são os prédios que estão em execução neste momento,
esses estão completamente dentro da norma legal, licenciados, sem problema
nenhum. Então, por favor, o problema de que estamos falando é um problema para
2013, 2014, Vereador. Aí, sim, não há mais nada. A Agadie está coordenando, se
não me engano, o Conselho do Plano Diretor, e dizia o Dr. José Euclésio que há
oito meses não passa nenhum EVU por dentro do Conselho do Plano para tratar de
projetos nessa região de que estamos falando hoje. Ou seja, o reflexo disso
está um pouco mais adiante.
Quero registrar
também, por favor – me perdoem –, a presença do Ex-Presidente Carlos Aita; foi
com ele que começou isso, lá em 2007/2008. Ele estava à frente do Sinduscon na
época, ele esteve junto com o Ministro Jobim, ele esteve com o Brigadeiro
Ramon, ele acompanhou, na época, o Secretário do Planejamento Fortunati em
todas essas etapas, e, se os senhores tiverem interesse de conhecer um pouco da
história, o Carlos Aita é a nossa testemunha ocular da história.
O Ver. Nedel pergunta
também sobre a extensão da pista do aeroporto. A extensão da pista do aeroporto
nada tem a ver com esse nosso problema, esse problema é anterior até ao projeto
da pista; não sabemos por que – isso é uma dúvida que eu tenho –, eu não sei
por que, em novembro de 2011, ou julho de 2011, publicado em novembro, a
Aeronáutica emitiu essa Portaria cancelando o plano específico antigo. Eu não
sei o porquê, se teve alguma relação com o aumento da pista ou não, isso eu não
saberia lhe responder, Vereador. Eu estive com o Presidente da Infraero e com o
Secretário Especial da Aviação Civil faz uns três meses, eu estive junto com o
Dr. Heitor José Müller, o Presidente da FIERGS, e o Presidente da Infraero foi
muito claro. Ele nos disse, na ocasião, que, se depender dele, não sai a
extensão da pista; isso foi dito, e ele não nos pediu sigilo, foi dito
claramente nessa reunião que nós tivemos – o Dr. Heitor José Müller estava
junto comigo –, isso foi bem colocado. Talvez não dependa dele, mas a posição é
que, se dependesse dele, não haveria a extensão, em vista do alto custo que
deveria ser investido e em vista de que um aeroporto com uma pista só tem uma
vida útil não muito grande. Então, fazendo essa correlação entre o investimento
e o tempo de vida útil do Salgado Filho como aeroporto internacional, ele
entendia que não deveria, mas, por favor, é uma informação, é algo que foi dito
em público.
E, para concluir, eu
quero agradecer as presenças dos Vereadores e dizer que eu acho que,
qualitativamente, a sala estava lotada. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Nós é que
agradecemos, e está encerrado o período temático de Comunicações com o assunto
plano específico da zona de proteção do Aeroporto Salgado Filho. Muito obrigado
aos presentes e principalmente ao Sr. Paulo Garcia, Presidente do Sinduscon.
Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os
trabalhos às 16h47min.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza – às 16h48min): Estão reabertos os trabalhos.
O Ver. Dr.
Thiago Duarte está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre Presidente, neste dia em que é velado o arquiteto Oscar Niemeyer
em Brasília e neste sexto dia do mês de dezembro, completam-se 36 anos do
falecimento, no exílio, do Presidente João Belchior Marques Goulart, impedido
de voltar à sua Pátria pela ditadura militar, que contaminou a terra de Getúlio
Vargas. Jango fixou-se ao lado do povo brasileiro denunciando a sórdida e
sinistra espoliação patroneada pelo imperialismo internacional, lutando por um
nacionalismo consequente e, sobretudo, proclamando as reformas de base exigidas
pela brasilidade através das vulcânicas palavras de Leonel de Moura Brizola.
Jango eternizou-se nos corações dos brasileiros porque, golpeado em 1964,
impediu que o Brasil mergulhasse na ruína de uma guerra civil fratricida com o
cruento derramamento do generoso sangue dos seus filhos.
Jango tornou-se
um símbolo luminoso do trabalhismo, dada a sua coerência partidária, a sua
idoneidade de ideias políticas, a sua lealdade ao primado do trabalho vertido
nas lições de Alberto Pasqualini, o seu apego aos paradigmas da liberdade e da
democracia e, enfim, a sua permanente fidedignidade à maior causa dos
trabalhadores brasileiros, a quem profetizou.
Não há ameaça
mais séria à democracia do que tentar estrangular a voz do povo com os seus
legítimos líderes populares, fazendo calar as suas reivindicações.
Jango sabia, melhor
do que ninguém, que o carbonizado golpe militar que o depôs se deveu não aos
erros, todavia aos acertos e avanços ideológicos do trabalhismo nacional em
proveito de toda a sociedade brasileira. Jango morreu prematuramente no
doloroso exílio, longe do idolatrado solo brasileiro, em circunstâncias
nebulosas da hedionda Operação Condor, e até um delinquente hoje preso em
Charqueadas conhece a macabra execução desse assassinato. Cumpre que a Comissão
da Verdade abandone o engomado jejum de ações positivas e esclareça na
plenitude tais episódios dramáticos, até em homenagem à respeitável história do
Brasil. Jango tornou-se um assíduo defensor da hegemonia do interesse público e
da primazia da probidade funcional dos agentes estatais, e, nos cargos
exercidos, sempre priorizou a ética e a moralidade na Administração Pública.
Projetada no tempo, essa ilibada conduta marcou época, e, contemporaneamente,
nos dias de hoje, serve de exemplo aos extremados escândalos, embustes,
corrupções e roubalheiras que sinalizam esta despudorada República.
Jango foi, antes de
tudo, um humanista, centrado no tratamento terno e afetuoso ao seu próximo, e,
evocadas as múltiplas injustiças que suportou, lembrava sempre: “Do rio que
tudo arrasta diz-se que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o
oprimem”. Que tenhamos uma profunda reflexão sobre essas palavras. Muito
obrigado. Viva Jango!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Pedro
Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, público que nos assiste, agora, no início da
tarde, foi divulgada uma informação da maior importância, da maior relevância,
gravíssima, também na área da Saúde, Ver. Dr. Thiago, Ver. Brasinha e Ver.ª
Melchionna, que lutou muito comigo nessa questão nos últimos anos. O malfadado
Instituto Sollus, que já havia dado prejuízos imensos ao Erário Municipal,
constatado pelo Ministério Público Federal, de mais de R$ 9 milhões, na época,
no período compreendido entre 2007 e 2009, agora a Polícia Federal descobriu
que deu um prejuízo de mais de R$ 11 milhões à Previdência Social.
Simplesmente, o Instituto Sollus, essa empresa que tem nome de instituto para
dar um outro tipo de aparência, um verniz na sua atividade empresarial, ela não
recolheu os valores devidos para a Previdência Social durante 24 meses. Aliás,
ela não recolheu durante 22 meses, pois nos dois primeiros meses ela recolheu,
mas em todo o período restante não recolheu os valores! Pior do que isso, Ver.ª
Fernanda Melchionna, o Instituto Sollus fraudou, criou guias falsas de
recolhimento para apresentar como se estivesse recolhendo a previdência
referente aos seus funcionários e servidores. A fraude é gigantesca! Anunciada
e denunciada no dia de hoje pela Polícia Federal, leva a Previdência Social,
primeiro, a um prejuízo gigantesco, e, segundo, Vereador e médico Dr. Goulart,
há a possibilidade real e concreta de que a Previdência, ao cobrar do Instituto
Sollus, cujos bens ninguém conhece, acabe chegando, Ver. Brasinha, na
Prefeitura, como devedora subsidiária, porque não fez a fiscalização dos
valores devidos, na época oportuna, na época necessária.
Nós já debatemos
muito, Ver. Tessaro, sobre esse tema, no passado, mas esses são fatos novos,
denunciados hoje pela Polícia Federal. Esta é uma nova fraude, indiscutível!
Indiscutível! Que envolve, num primeiro momento, a já combalida Previdência
Social, Ver. Haroldo de Souza, e que, num segundo momento, mostra que aquela empresa
contratada, sem critério, sem licitação, não se sabe por quê, por quem e em que
condições. Chegou a ponto de não pagar 22 meses de Previdência Social! E pior
que isso, Ver. Dr. Thiago, criou guias falsas para mostrar a não sei quem e que
não via não sei por quê!
Eu sustento sempre a
mesma tese: a corrupção não é um assalto, não é uma ação unilateral; ela é
necessariamente bilateral. Para alguém ganhar fora, alguém tem que facilitar
dentro! E na área da Saúde, Ver. Dr. Thiago, Porto Alegre vive um verdadeiro
descalabro! E nós temos uma obrigação com a Cidade: fazer a CPI da corrupção na
Saúde. Nós já tínhamos motivos suficientes no passado. Não quero debater isso.
Mas com esses dados aqui de uma fraude de mais de R$ 11 milhões, com conta
final chegando ao Município, é, sim, nossa obrigação realizar essa investigação
séria. Sabemos quem ganhou lá fora; temos que saber agora quem facilitou dentro
e como se fará para recuperar esse dinheiro para o Erário Municipal e para a
Previdência Social. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): São 16h57min.
Nós temos o Grande Expediente, temos a Pauta, mas para tanto precisamos de
quórum. Solicito a abertura do painel eletrônico para verificação de quórum.
(Pausa.) (Após o fechamento do painel eletrônico.) Onze Vereadores presentes.
Não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão. Bom final de semana a todos!
(Encerra-se a Sessão
às 17h.)
* * * * *